Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

“O que a população tem saudades não é da política econômica, mas da época que podia viajar mais, podia comprar uma televisão nova. Não é saudade do Lula, mas saudade do poder de compra”

Com apenas 1% nas pesquisas, o pré-candidato do MDB à Presidência, Henrique Meirelles, disse que está disposto a financiar integralmente sua campanha – quantia que pode chegar a R$ 70 milhões, de acordo com a legislação – se o MDB não entrar com recursos. Em entrevista ao Valor Econômico, Meirelles diz que não vai desistir de sua candidatura, mesmo com o baixo índice de intenção de votos apontado pelas pesquisas, que prefere um partido com políticos enrolados na Justiça, como o MDB, a uma legenda que tenha “dono” e minimiza a eventual participação do presidente Michel Temer em sua campanha. Tampouco defende o presidente das acusações imputadas a ele pela Procuradoria Geral da República.

O ex-ministro se apresenta como um candidato que faz e se assume como responsável pela política econômica do governo Lula e pela melhoria em alguns indicadores econômicos na gestão Temer. Segundo ele, a responsabilidade pela derrocada da economia brasileira é da ex-presidente Dilma, governo do qual não participou.

O presidenciável defende a PEC do Teto de Gastos – que limita despesas públicas por 20 anos –, a redução do tamanho do Estado e o crescimento econômico como algumas das principais condições para fazer a divisão do bolo com a sociedade. De acordo com Meirelles, a economia pode crescer até 4% em seu eventual primeiro mandato. “A fase de sangue e lágrimas já foi superada.”

Financiar a própria candidatura é uma realidade para Meirelles. Antes de se tornar ministro da Fazenda, ele recebeu R$ 217 milhões em pagamentos por consultorias. Entre 2012 e 2016, como presidente do conselho de administração da J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, recebeu outros R$ 180 milhões. Em 2002, quando se elegeu deputado federal pelo PSDB de Goiás, ele declarou à Justiça eleitoral possuir patrimônio de R$ 42 milhões.

Veja alguns dos principais trechos da entrevista de Meirelles aos jornalistas Raymundo e Cláudia Safatle.

Apoio do MDB

“Lembre que a primeira pessoa que quis que eu fosse candidato foi o senador Romero Jucá, presidente do partido. O próprio presidente Temer fez o lançamento do meu nome. Já fui aos estados que têm o maior número de convencionais. Já fiz uma reunião em São Paulo, e Paulo Skaf está alinhado conosco. O diretório de São Paulo eu acho que está unido e o do Rio de Janeiro, em peso.”

Dilma e a recessão

“O problema era atravessar a recessão que a Dilma criou. Só que já saímos dela. O ponto importante é não voltarmos à recessão. No momento em que o país começa a crescer, começam a acontecer várias coisas. Este ano foram criados 387 mil novos empregos, que é a melhor política social que existe. O Bolsa Família é complementar, importante. Mas para isso precisa haver arrecadação e a arrecadação que está subindo, em virtude da recuperação econômica.”

Impopularidade de Temer

“Não ajuda nem atrapalha, porque o fato é que a população está tendo a sua situação pessoal – as pesquisas mostram isso – melhorando. E isto é que será o tema fundamental da campanha.”

Operação Lava Jato

“Acho importante fortalecer e solidificar a Lava Jato. É importante que o país conclua esta fase de fortalecimento das instituições brasileiras. Eu acho que a Justiça tem que fazer o seu trabalho de uma forma completamente independente e normal. Eu sou contra a politização da Justiça.”

Acusações contra Temer

“Ele [Temer] tem totais condições, pelo jurista que é e por ter excelentes advogados, de se defender, colocar os seus argumentos e apontar eventuais problemas.”

Bolsonaro

“As propostas que ele faz merecem nota 1.”

Propostas de Marina
“2.”

Propostas de Geraldo Alckmin

“Não sai muito disso também não. Tem boas propostas dos economistas dele, mas não vejo muitas propostas dele mesmo.”

Drogas

“Eu sou contra drogas de uma forma geral. Existe uma lei no Brasil, de 2006, que veta a prisão de usuários de maconha. Eu acho prudente a manutenção dessa lei. Primeiro porque eu sou sempre favorável a se seguir a lei. Segundo, o aprisionamento de usuários, principalmente jovens, faz com que o resultado seja negativo. Programas de reeducação, de prevenção, sou totalmente favorável.”

Tamanho do Estado

“Vai ocorrer sim, vou levantar essas questões. O eleitor se interessa mais pelo resultado disso. Ele quer saber se vai aumentar o emprego, se a inflação caindo e os juros tão caindo ou não. Não podemos ficar na discussão teórica da macroeconomia. Temos que ir aos efeitos e mostrar a população o que causou e o que causaria caso um candidato populista fosse eleito.”

Lula

“Não podemos esquecer de quem era o presidente do Banco Central do governo Lula. Era eu. Fizemos, nos dois mandatos, uma política monetária responsável, dura e que manteve a inflação controlada. A política fiscal foi muito contracionista e depois de 2008 foi expansionista. O que a população tem saudades não é da política econômica, mas da época que podia viajar mais, podia comprar uma televisão nova. Não é saudade do Lula, mas saudade do poder de compra. A aplicação da receita populista pela Dilma matou essa saudade. [...] Eu fui presidente do Banco Central por oito anos e o Brasil cresceu, gerou renda, gerou capacidade de consumo. Saí do governo, entramos em recessão. Voltei para o governo, o Brasil saiu da recessão e voltou a crescer. Então é uma questão de mostrar o efeito disso.”

Reforma da Previdência

“Se a reforma da previdência tivesse sido derrotada, seria extremamente negativo. Mas o que houve foi o adiamento da votação. O que é decisivo para o arrefecimento da economia este ano, na minha opinião, é o crescimento de candidaturas populistas. Surpreendente seria o contrário, a economia continuar crescendo com o crescimento das candidaturas populistas.”

Financiamento da campanha

“Se necessário, sim. Estou preparado para financiar integralmente minha campanha, dentro da lei. Não tem compromisso [do MDB]. Nunca levantaram esse assunto.”

Temer na campanha

“Ele é presidente da República e compete a ele definir as suas prioridades. Na minha campanha as portas estão abertas para todos os apoiadores. Ele é presidente e sabe o que faz.”

Desistir?

“Não. Pelo partido, em tese, eu não posso falar. Mas a minha convicção é de que serei candidato do MDB. Já estou tomando decisões operacionais, viajando. Eu tive que tomar a decisão de colocar meu nome à disposição do partido e entrar numa campanha eleitoral. É meu grande projeto de vida neste momento. A candidatura é mais do que viável e tenho convicção da vitória.”

Sangue e lágrimas

“Estou oferecendo resultados. A fase de sangue e lágrimas já foi superada. Passamos por ela em 2015 e 2016. Agora é a fase do crescimento. Acho que no fim do primeiro mandato o Brasil poderá estar crescendo 4%.”

PEC do Teto de Gastos

“Isto é falso. Ao contrário do que dizem os adversários, nós fixamos um piso para a saúde e antecipamos recursos para saúde e educação. Colocamos um piso e não um teto.”

<< Veja a entrevista no Valor

Fonte: Congresso em Foco, 27 de junho de 2018.


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