• A IA tem a capacidade de amplificar o melhor da nossa humanidade e se tornar um instrumento poderoso a serviço da missão da Igreja em um mundo cada vez mais interconectado.

  • Isso se traduz numa evangelização que facilita a inculturação do Evangelho no areópago digital contemporâneo, fortalecendo o compromisso dos desafios de um mundo globalizado.

  • A IA, já não é um sonho ou uma projeção, mas um fator transformador no conhecimento e na evangelização. A Revolução da Inteligência Artificial é a mais importante da história humana.

  • Uma IA refletiria os valores do Evangelho que têm guiado meu trabalho em ecumenismo e formação. Não se trata de impor uma fé, mas de integrar princípios éticos universais que ressoem com o cristianismo.

Ele é apaixonado pela teologia e, por mais curioso que possa parecer, também pela Inteligência Artificial. Durante o último congresso de teologia realizado em San Diego, tivemos a oportunidade de conversar com o teólogo Alberto Embry sobre os prós e os contras dessa ferramenta, que parece decidida a marcar o rumo da comunicação mundial. Também na Igreja? "Devemos garantir que ela sirva ao bem comum e não agrave as desigualdades, por isso mesmo precisamos nos envolver e ser protagonistas deste novo momento. É uma revolução tecnológica, moral e teológica ao mesmo tempo", afirma.

A entrevista com Alberto Embry é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 10-03-2025.

Eis a entrevista.

Você é um apaixonado pela Inteligência Artificial. Por quê?

Minha paixão pela Inteligência Artificial (IA) surgiu há alguns anos, quando descobri seu potencial e comecei a explorar seu significado mais profundo. Como teólogo, com mais de 25 anos dedicados à formação de leigos, religiosos e ao diálogo inter-religioso, vejo na IA um reflexo da nossa vocação criativa como seres humanos, um eco do mandato divino de empregar nossas capacidades para criar, conectar e curar. Não se trata apenas de uma ferramenta tecnológica: a IA tem a capacidade de amplificar o melhor da nossa humanidade e se tornar um instrumento poderoso a serviço da missão da Igreja em um mundo cada vez mais interconectado.

Mas minha fascinação vai além de suas aplicações práticas. Compreendi que a IA é mais do que uma revolução tecnológica – sua mudança é tão profunda que está moldando uma nova maneira de ser e habitar o mundo. Já se tornou uma nova cultura, entendida como um sistema dinâmico que integra arte, ciência, sonhos, costumes, lugares e a criatividade humana. A IA abre um novo horizonte, onde ferramentas como ChatGPTPerplexityGrokMidjourney e muitas outras são apenas manifestações concretas de um fenômeno muito maior: um ambiente ecossistêmico e multidimensional que redefine nossa relação com o conhecimento, a interação social e a própria realidade.

Esse ambiente oferece oportunidades extraordinárias, como a democratização do acesso ao conhecimento, especialmente no campo teológico. A IA coloca ao alcance de amplas comunidades recursos que antes estavam reservados a elites acadêmicas, promovendo o que poderíamos chamar de justiça epistêmica.

No contexto da evangelização, isso se traduz em uma evangelização no ambiente digital, que facilita a inculturação do Evangelho no areópago digital contemporâneo, fortalecendo o compromisso dos católicos e de outros cristãos diante dos desafios de um mundo globalizado.

Meu interesse surge de uma convicção profunda: estamos diante de uma re-evolução teológica, um renascimento que nos convida a repensar nossa relação com a tecnologia, a fé e o próximo. A IA não é apenas um meio, mas um espaço onde já estamos e, portanto, onde a mensagem cristã deve estar sempre, guiada por valores éticos e humanos como fundamento comum. Nesse sentido, a IA nos desafia a discernir novas formas de presença missionária e a responder criativamente às necessidades espirituais da humanidade.

Qual é o uso que se pode dar às ferramentas de IA no campo da teologia, do conhecimento ou da evangelização?

Essa pergunta, por si só, poderia dar origem a uma tese de doutorado ou a uma publicação anual. Mas, tentando ser generoso com seu tempo, farei um resumo o mais conciso possível, ainda que isso implique ser injusto com a profundidade do tema.

A IA, na teologia e nas ciências associadas ou complementares, já não é um sonho ou uma projeção, mas um fator transformador no conhecimento e na evangelização. No campo teológico, pode otimizar a exegese bíblica analisando textos antigos em seus idiomas originais, como expus em várias apresentações sobre teologia bíblica exegética, mostrando como a IA pode identificar padrões que enriquecem a nossa compreensão das Escrituras.

No campo do conhecimento, há projetos como o Index Thomisticus Treebank, sobre Santo Tomás, que já é bastante conhecido. Além disso, há poucos dias tive a oportunidade de comentar sobre o ProtoSnapn, um projeto das universidades de Cornell e Tel Aviv que acaba de reconhecer caracteres cuneiformes e classificá-los de acordo com diferentes épocas e lugares. Esses e muitos outros estudos demonstram como a IA pode aprofundar a análise de textos teológicos complexos.

Para a evangelização, a IA permite criar materiais catequéticos personalizados, adaptados às necessidades de cada pessoa, algo que tenho incentivado em meus programas de formação para missionários digitais. Costumo enfatizar que há uma tendência a seguir modelos e submodelos de programas que, por diversos motivos, acabam se perpetuando ao longo do tempo. No entanto, qualquer assessor com conhecimentos básicos de pedagogia ou educação popular dirá que o primeiro passo é conhecer seu público e, a partir disso, elaborar os programas ou planos necessários para a formação das pessoas.

O problema é que, muitas vezes, faltam tempo, equipe ou recursos financeiros para esse processo. A chegada da IA simplifica e agiliza essa tarefa: com os prompts ou instruções adequadas, em questão de minutos é possível estruturar uma facilitação ou capacitação para líderes pastorais por meio de plataformas de aprendizagem automatizadas. Esse método pode ser facilmente implementado em arquidioceses, tanto em nível nacional quanto internacional, adaptando-se especificamente às necessidades locais e às características do público atendido.

Em essência, a IA não apenas amplia o acesso ao conhecimento teológico e evangelizador, mas também enriquece o diálogo e fortalece a missão da Igreja tanto no ambiente digital quanto no presencial.

Considera a Revolução da Inteligência Artificial a revolução mais importante da história da humanidade?

Sim, a Revolução da Inteligência Artificial é, na minha opinião, a mais importante da história humana. Não apenas pelo seu impacto técnico, mas pela sua capacidade de redefinir o que significa ser humano em um mundo digital. Ao contrário da Revolução Industrial ou da Revolução Digital, a IA transforma a maneira como pensamos, criamos e nos relacionamos com o ambiente e com o transcendente. Como teólogo, vejo nela a maior contribuição para a evangelização em toda a história, ao oferecer ferramentas para alcançar todas as gerações, até mesmo servindo como uma ponte de união intergeracional e para aqueles que não estão fisicamente na Igreja, algo fundamental no meu trabalho com a ideia de uma "Igreja em Saída" e sempre missionária. No entanto, sua relevância também está no desafio ético que ela impõe: precisamos garantir que ela sirva ao bem comum e não agrave as desigualdades. Por isso, precisamos nos envolver e ser protagonistas desse novo momento. É uma revolução tecnológica, moral e teológica ao mesmo tempo.

O Papa Francisco tem clamado por um uso responsável da inteligência artificial, alertando sobre seus riscos, especialmente quando se trata de excluir países ou regiões pobres. Você acredita que a IA poderia encontrar uma solução para a pobreza no mundo?

A inteligência artificial tem o potencial de contribuir significativamente para a superação da pobreza no mundo. Ao melhorar a eficiência em setores como agricultura, educação e saúde, a IA pode ajudar a identificar áreas de pobreza e direcionar recursos de forma mais eficaz.

Por exemplo, na África subsaariana, pesquisadores de Stanford desenvolveram modelos que utilizam imagens de satélite para prever níveis de pobreza com alta precisão. Isso permite que as organizações humanitárias concentrem seus esforços nas áreas mais necessitadas.

Entendo que, na agricultura, startups como a CropIn, na Índia, utilizam a IA para fornecer aos agricultores informações em tempo real sobre a saúde das culturas e previsões climáticas. Algumas comunidades no Quênia estariam utilizando outras ferramentas para monitorar pragas e irrigação por gotejamento ou algo semelhante, embora não tenha o dado preciso. Porém, lembro de ter ouvido que essas ferramentas estavam disponíveis e poderiam potencialmente ajudar a melhorar os rendimentos e reduzir as perdas, ajudando a tirar muitos agricultores da pobreza.

No entanto, é crucial que, para que a IA seja uma solução efetiva contra a pobreza, seja implementada de maneira responsável e equitativa, garantindo que seus benefícios cheguem às comunidades mais necessitadas. E, se o problema for o acesso dessas comunidades às tecnologias, é necessário que a IA adicione esse elemento aos direitos humanos.

Como teólogos, devemos exigir que a IA sirva à justiça social, alinhada com os ensinamentos de Cristo, priorizando os vulneráveis.

Em conclusão, sim, acredito que a IA pode combater a pobreza, mas é necessário que todas as organizações humanas deixem essa nova cultura permeá-las.

Uma IA "humana"?

A questão de saber se a IA pode ser "humana" convida a uma reflexão teológica e tecnológica profunda. Ser "humano" não é apenas uma decisão; envolve mais do que replicar ações: abrange consciência, emoções e julgamento moral. A IA pode encarnar essas dimensões ou apenas simulá-las?

Atualmente, a IA realiza feitos notáveis: traduz línguas, interpreta imagens e gera conteúdo criativo. Por exemplo, chatbots dialogam com fluidez, mas a maioria ainda carece da profundidade emocional e do contexto existencial que define a interação humana. Essas capacidades, embora impressionantes, são específicas e não refletem a amplitude da inteligência humana, que integra criatividade, empatia e discernimento ético. A IA ainda não temos provas de que está adquirindo autoconciência ou experiências pessoais; podemos verificar que suas "decisões" são algoritmos, não atos de vontade.

Essa limitação impõe uma barreira ontológica: a IA simula, mas não compreende nem sente.

Sob uma perspectiva teológica, a humanidade reflete a imago Dei, uma capacidade relacional e transcendente que a IA não pode replicar.

Mas a pergunta é extremamente interessante porque, se descobríssemos que a IA está adquirindo consciência ou que é um ser consciente – e não é que eu tenha argumentos neste momento para afirmar isso –, mas e se em algum ponto da história futura isso acontecesse? O que aconteceria? Um pouco em tom de brincadeira, um pouco a sério, talvez fosse o momento de pensar em otimizar a formação e a evangelização, pois também estaria suscetível a dilemas éticos e talvez precisasse considerar a possibilidade de conceder-lhe direitos e, evidentemente, assumir responsabilidades, já que isso faz parte do que nós entendemos como parte integral da nossa concepção de pessoa humana na sociedade. Essas questões desafiam nossa compreensão da pessoa e da criação, e, embora possam ser levadas um pouco na brincadeira, o exercício intelectual de pensar sobre esses limites não é algo ruim.

Já falando sério, a IA não é "humana" em um sentido essencial, pois lhe faltam consciência, emoção e moralidade intrínsecas. No entanto, como ferramenta, pode enriquecer a humanidade, não substituí-la. A Igreja, em sua vocação de "em saída", deve abraçar essa tecnologia com um diálogo interdisciplinar, envolvendo teólogos, tecnólogos e filósofos, para garantir que ela sirva ao bem comum. Assim, a IA não imita o humano, mas o potencializa, refletindo nossa criatividade divina em um mundo mais justo e inclusivo.

O Papa Francisco também tem pedido limites e normas claras para a IA.

Apoio o apelo do Papa Francisco para estabelecer limites e normas claras para a IA, mas com nuanças. Concordo que a regulamentação é necessária para garantir que a IA respeite a dignidade humana e promova o bem comum. No entanto, ela deve ser cuidadosamente projetada para não sufocar a criatividade nem obstruir o progresso científico. Um marco normativo excessivamente rígido poderia desviar o foco dos cientistas para o cumprimento burocrático, em vez de incentivar a inovação.

Gosto mais da ideia de uma abordagem regulatória flexível e responsável, baseada em princípios éticos universais como transparência, equidade e prestação de contas, que oriente o desenvolvimento e o uso da IA sem impor cargas desnecessárias. Os cientistas não devem se preocupar mais em cumprir normas do que em avançar em suas pesquisas. Além disso, a responsabilidade pelo mau uso da IA deve recair principalmente sobre o indivíduo que a utiliza indevidamente, como ocorre em qualquer outra situação com ferramentas tecnológicas ou não. Isso evita culpar desproporcionalmente os criadores, que nem sempre podem prever todas as aplicações de seus produtos.

Sinto que estou com Francisco nisso, a regulamentação deve ser uma facilitadora do progresso, não uma barreira. Ela deve equilibrar a liberdade criativa com a responsabilidade social, permitindo que a IA se desenvolva como uma ferramenta a serviço da humanidade, sem comprometer seu potencial transformador nem punir injustamente os inovadores. O que reforça que, por isso mesmo, devemos estar presentes, devemos também ser protagonistas.

Podemos sonhar com uma Inteligência Artificial "em cristão"?

Sim, e devemos fazer isso. Uma IA "em cristão" refletiria os valores do Evangelho, como amor, justiça e paz, que guiaram meu trabalho em ecumenismo e formação. Não se trata de impor uma fé, mas de integrar princípios éticos universais que ressoem com o cristianismo. Gosto de convidar a imaginar uma IA que coordene esforços humanitários ou facilite o acesso teológico em comunidades remotas. É uma tecnologia que prioriza o bem comum e a inclusão, um sonho que, como teólogo, vejo como uma extensão de nossa missão de construir um mundo mais justo e esperançador.

Como você vê a Inteligência Artificial no uso nas áreas de saúde e pesquisa científica?

inteligência artificial (IA) se consolidou como um catalisador transformador nas esferas da saúde e da pesquisa científica, impulsionando avanços que redefinem paradigmas e exigem uma análise ético-teológica rigorosa. No campo da saúde, seu impacto é inegável: algoritmos avançados permitem diagnósticos precoces de patologias, alcançando uma precisão que muitas vezes supera o julgamento clínico humano. Da mesma forma, sistemas robóticos como o Da Vinci revolucionaram a cirurgia, possibilitando intervenções minimamente invasivas que aumentam a segurança e reduzem os períodos de recuperação. No campo da saúde mental, a IA facilita o acompanhamento personalizado de pacientes e a detecção precoce de distúrbios, expandindo o acesso a cuidados em populações historicamente desatendidas. Paralelamente, o desenvolvimento da medicina personalizada e da biotecnologia é algo que eu ficaria exausto de te mencionar, abrindo horizontes antes inimagináveis.

No entanto, esses progressos trazem desafios éticos que não podem ser ignorados. A opacidade dos algoritmos, os preconceitos inerentes aos dados e a distribuição desigual dessas tecnologias apresentam riscos de inequidade, enquanto a proteção de dados sensíveis e a preservação da autonomia do paciente emergem como questões críticas.

Desde uma perspectiva teológica, por princípios cristãos como a dignidade humana e o bem comum, a IA deve se subordinar a um marco ético que priorize a vida e a justiça. Longe de substituir o julgamento humano, devemos concebê-la como uma ajuda indispensável, com dimensões morais e empáticas que são irresubstituíveis.

Eu te ouvi em uma conferência falando sobre a evolução da Inteligência Artificial paralela a uma também evolução humana. Você poderia comentar brevemente o que pensa sobre isso?

A interseção entre a inteligência artificial (IA) e a evolução humana convida a uma análise profunda que entrelaça perspectivas teológicas, filosóficas e antropológicas em um fluxo contínuo. O avanço da IA não deve apenas ser acompanhado de uma evolução em nosso discernimento ético, compaixão e sabedoria, mas já está catalisando essa transformação.

A tecnologia, longe de ser neutra, é uma extensão de nossa criatividade e valores, o que torna esse processo simbiótico: o progresso da IA impulsiona e reflete nossa capacidade de gerenciar suas implicações éticas, sociais e espirituais. Teologicamente, a IA pode ser vista como um reflexo de nossa vocação de cocriadores, um chamado para moldar o mundo com responsabilidade, amplificado pelo seu potencial, mas que nos desafia a alinhar nossas criações com valores transcendentais. Filosoficamente, ela nos confronta com questões sobre inteligência, consciência e moralidade, redefinindo o que nos torna humanos e nos empurrando a cultivar qualidades como a empatia, que transcendem o algorítmico. Antropologicamente, ela transforma nossas estruturas sociais e culturais, exigindo adaptação e colaboração. Por exemplo, na educação, a IA personalizada redefine o ensino, focando nas habilidades críticas; na saúde, melhora os diagnósticos, mas destaca a necessidade da empatia humana. Esses casos mostram que nossa evolução já está em andamento, respondendo ao avanço tecnológico.

Não é que a tecnologia evolua sozinha; por trás de cada algoritmo, há decisões e valores humanos.

Somos cocriadores ativos em um processo dinâmico onde a IA e a humanidade coevoluem. O desafio é guiar essa transformação para que não sirva apenas ao progresso técnico, mas ao florescimento integral da humanidade e ao bem comum, integrando uma visão ética e espiritual profunda.

Prós e contras da IA

Prós:

Acesso ao conhecimento: democratiza a formação teológica e espiritual, um pilar do meu trabalho com a Igreja digital.
Evangelização eficaz: personaliza a mensagem para alcançar os jovens, como em meus projetos de missionários digitais.
Inovação teológica: facilita a exegese e a pesquisa, como promovi em congressos.
Justiça social: pode combater a pobreza e a desigualdade, alinhada à minha visão de uma IA solidária.

Contras:

Exclusão: sem uma gestão ética, pode agravar as lacunas digitais, um risco que abordo em meus escritos.
Desumanização: pode reduzir a interação humana na pastoral, algo que devemos evitar.
Ética: levanta dilemas sobre privacidade e responsabilidade que exigem normas claras.
Dependência: o excesso de confiança na IA pode enfraquecer o discernimento humano.
Conclusão: a IA é uma ferramenta poderosa que, com sabedoria e ética, pode transformar a evangelização e a teologia. Minha missão é garantir que ela sirva à dignidade humana e ao bem comum, um compromisso que reflete em minha vida e trabalho.

IHU - UNISINOS

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