IPCA
No mês de outubro, o indicador usado para medir a alta dos preços acelerou 0,56%, com destaque para energia e carne
Alguns especialistas apontam que o “Plano Real” mostrou-se um dos mais eficazes da história do país, pois conseguiu reduzir a inflação, além de ampliar o poder de compra da população. - (crédito: Daniel Dan/Pexels)
Impulsionado novamente pelos preços da energia elétrica residencial e dos alimentos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, acelerou para 0,56% em outubro. Segundo os dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), houve uma alta de 0,12 ponto percentual (p.p.) em relação ao mês anterior, quando a inflação estava em 0,44%.
No ano, o indicador acumula alta de 3,88%. Já nos últimos 12 meses, a alta acumulada é de 4,76%, ultrapassando o teto da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, em 2024 e em 2025. A margem de tolerância para que ela seja considerada cumprida é de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima.
“Não só a magnitude do indicador trouxe surpresas negativas, como a sua composição joga luz sobre alguns elementos muito prejudiciais em termos inflacionários”, avaliou a economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta. Segundo ela, o dado reforma uma pressão inflacionária contínua especialmente em itens essenciais, o que impacta diretamente o orçamento das famílias.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito apresentaram alta dos preços. Dois deles tiveram maior influência nos resultados de outubro: habitação, com alta de 1,49%, e alimentação e bebidas, com avanço de 1,06%. A energia elétrica residencial foi a que mais pressionou o resultado, com impacto de 0,20 ponto percentual.
No mês de outubro esteve em vigor nas contas de luz a bandeira vermelha patamar 2, que acrescenta R$7,87 a cada 100 kwh consumidos, enquanto em setembro estava em vigor a bandeira vermelha patamar 1, que acrescenta aproximadamente R$4,46. O economista Volnei Eyng, CEO da gestora de recursos da Multiplike, destacou a influência de aumentos expressivos em setores cruciais, que pesam diretamente no custo de vida. “A inflação ainda pressiona o bolso, especialmente em itens essenciais como alimentos e habitação, a energia elétrica segue em bandeira vermelha 2 que tem um custo muito elevado. No verão, especialmente, há um maior consumo de energia, temos tempos de estiagem, então a previsão, infelizmente, é que isso continue a apertar o orçamento das famílias”, apontou Eyng.
Os analistas acreditam em um arrefecimento dos preços em novembro, já que neste mês passou a valer a bandeira amarela sobre as contas de luz, que oferece tarifas mais baixas do que a bandeira vermelha. Com a prova, o valor extra cobrado para cada 100 kwh consumidos cairá para R$ 1,885. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o alívio foi possível devido à melhora das condições de geração de energia no país, com o aumento do volume de chuvas registrado em outubro. As tarifas extras são ativadas sempre que há risco hidrológico, ou seja, quando os reservatórios de água do país estão abaixo dos limites esperados.
Carnes
A alimentação no domicílio, por sua vez, passou de 0,56% em setembro para 1,22% em outubro. Foi observado um aumento de 5,81% nos preços das carnes, com destaque para os cortes de acém, costela, contrafilé e alcatra. Essa foi a maior variação mensal das carnes desde novembro de 2020, quando atingiu 6,54%.
“O aumento de preço das carnes pode ser explicado por uma menor oferta desses produtos, por conta do clima seco e uma menor quantidade de animais abatidos, e um elevado volume de exportações”, explica o gerente da pesquisa, André Almeida. Já a alimentação fora do domicílio apresentou alta de 0,65%, variação superior à de setembro, quando foi de 0,34%, com destaque para os subitens refeição e lanche, que tiveram alta de 0,53% e 0,88%, respectivamente.
Transportes em queda
A única queda registrada em outubro veio do grupo de transportes, que recuou 0,38%. O resultado foi influenciado, principalmente, pela queda de 11,50% das passagens aéreas. Trem, metrô, ônibus urbano e integração transporte público também contribuíram para o resultado negativo do grupo. O resultado desses subitens é explicado em decorrência das gratuidades concedidas à população nos dias das eleições municipais que aconteceram em outubro. Em relação aos combustíveis, houve uma retração de 0,17%, com a queda do etanol, no óleo diesel e na gasolina, enquanto o gás veicular registrou alta de 0,48%.
CORREIO BRAZILIENSE
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