por Flávia Lima



A política econômica vai continuar, disse nesta terça (23) o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em evento em São Paulo. "Vamos passar um pouco sobre isso com essa perspectiva, de reformas. Essa é a agenda econômica independentemente de qualquer coisa", disse a uma plateia de empresários e agentes de mercado, em referência ao caos político que se instalou no país desde que o nome do presidente Michel Temer foi envolvido nas delações do empresário Joesley Batista. Segundo Meirelles, no Brasil, a crise política dá origem à crise econômica quando a crise política gera incerteza sobre a orientação de política econômica futura –o que buscou afastar durante o início de sua fala. Meirelles ressaltou ainda que em conferência com cerca de mil investidores globais recentemente a mensagem que colocou foi a seguinte: "existe dúvida de que a política econômica vai continuar?". Para ele, há uma espécie de consenso no país de que medidas como a contenção dos gastos públicos, controle de inflação e solvência futura vão continuar. Meirelles disse também que o Brasil está saindo da crise econômica, rumo a outra estrutura em comparação a um ano atrás. "O país já está numa trajetória de crescimento e vai continuar a crescer", disse, ressaltando a trajetória de queda do endividamento das famílias e empresas. No evento, o ministro afirmou que o Congresso Nacional tem que dar mostras de que não vai parar. "O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, anunciou que espera para o início de junho colocar em votação a reforma da Previdência. Existe uma consciência nacional de que as reformas precisam continuar sendo feitas", disse ele. Meirelles convidou a todos para "olhar para um prazo mais longo e disse que "a última coisa que precisamos agora é a economia começar a ter problemas por causa das questões discutidas na arena política", afirmou. "Eu aposto no futuro do Brasil e estou trabalhando dia e noite nesta direção." Segundo Meirelles, o que interessam são as "correntes profundas". "Não vamos achar que é pouca coisa a aprovação do teto de gastos. É a primeira vez que se altera a Constituição para isso", disse. Segundo ele, a capacidade de o país crescer sem pressionar a inflação (o chamado "PIB potencial"), é de cerca de 2,3% sem reformas, subindo para 3,7% com reformas. A despeito da tentativa de transmitir tranquilidade, Meirelles deixou o evento apressado e não falou com a imprensa, como sinalizado por sua assessoria antes de sua fala.




Fonte: Bem Paraná / Folhapress, 24 de maio de 2017.