Projeto de desindustrialização do país está incurso desde os anos 1980, mas encontrou seu ápice depois do golpe de 2016. Hoje, os juros altos são o principal motivo da estagnação do setor.

por Lucas Toth

A produção industrial brasileira recuou pelo 3º mês consecutivo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O mês de fevereiro apresentou uma queda de 0,2% no setor. Em janeiro, o recuo tinha sido de 0,3%, ante 0,1% em dezembro. A taxa de juros praticada pelo Banco Central é uma das principais causas da retração industrial.

De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal, feita pelo IBGE, das 25 áreas que abrangem o setor, nove apresentaram resultados negativos. Dentre as maiores quedas, os ramos de produtos alimentícios (-1,1%), químicos (-1,8%), farmoquímicos e farmacêuticos (-4,5%). Apesar do leve crescimento de 0,1%, o setor de bens de capital preocupa, já que revela baixa investimento dentro da própria indústria.

Passado o período de maior atividade industrial (1950-85), o setor vem perdendo força ano após ano. Dados da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) indicam que nas últimas quatro décadas a indústria de transformação nacional encolheu de 27% para 11% da participação no PIB.

De 2016 até 2022 o projeto de transformar o Brasil num grande celeiro tomou forma e o Brasil se consolidou de vez em um fornecedor de comodities baratas para os países, esses sim, industrializados. Vender petróleo para o mercado mundial e comprar gasolina é um ótimo exemplo da função do país na economia globalizada.

O presidente Lula em seu discurso de posse no Congresso Nacional afirmou a intenção do governo de retomar a política de industrialização. “Caberá ao estado articular a transição digital e trazer a indústria brasileira para o Século XXI, com uma política industrial que apoie a inovação, estimule a cooperação público-privada, fortaleça a ciência e a tecnologia e garanta acesso a financiamentos com custos adequados”, disse.

As intenções do novo governo, no entanto, esbarram na política monetária de um presidente do Banco Central independente. A título de conter a inflação descontrolada criada a partir do governo Bolsonaro, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, manteve a taxa Selic em 13,75%.

Esse mecanismo de conter a inflação com o aumento da taxa básico de juros serve para desmobilizar a economia, contendo a alta dos preços dos produtos e serviços comercializados no Brasil. Uma vez que o juros está alto, as pessoas e as empresas têm mais dificuldades no acesso ao crédito, estagnando a economia.

A inflação, no entanto, dá sinais de arrefecimento. Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), observou variação na inflação de 0,71%, abaixo da expectativa de 0,77%.

Para o governo Lula, é fundamental que a taxa básica de juros recue para que a economia volte a crescer. A ideia é retomar o ciclo de investimento no país e, consequentemente, colher os frutos da criação de novos postos de trabalho.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em evento empresarial em Londres, nesta quinta (20), emparedou Roberto Campos Neto e defendeu a redução imediata dos juros. “Agora, nós precisamos fazer o Brasil crescer”, disse o senador.

Pesquisa realizada pela CNI constatou que os juros altos são o principal problema para cerca de 28,8% dos empresários. A Sondagem Industrial consultou 1.600 empresas de pequeno, médio e grande porte de todo Brasil. O resultado é o pico em uma série histórica iniciada em 2015. Em abril, o Datafolha revelou que 80% dos brasileiros acham que Lula age bem ao pressionar pela queda dos juros. Na mesma pesquisa, 71% dos entrevistados disseram achar que a Selic está mais alta do que deveria. Só 5% achavam que a taxa está mais baixa do que deveria.

VERMELHO

https://vermelho.org.br/2023/04/20/com-juros-altos-industria-encolhe-pelo-3o-mes-consecutivo/


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