ELEIÇÃO PRESIDENCIAL

Certamente nas últimas semanas você deve ter ouvido falar em promover o “voto útil” para que a eleição seja finalizada em primeiro turno. Sim, de fato um “tira-teima” é importante, como é importante que o eleitor tenha oportunidade de ter mais tempo para refletir e assim fazer uma escolha melhor. Ocorre que, neste ano de 2022, não estamos vivendo tempos normais. E esta não é uma eleição normal. E nem adianta falar que a culpa é da polarização, pois a tão falada polarização existe desde a redemocratização.

O primeiro custo e certamente o principal deles, no momento, é o aumento da violência e da intolerância política. Sobretudo nesta reta final, acompanhamos diariamente a agressão física e moral, além do ataque a tiros, muitas vezes seguido de morte. E, de um modo muito claro, percebe-se de que lado está a violência: apoiadores de Bolsonaro estão agredindo e assassinando apoiadores de Lula. Daí, perguntamos: segundo turno para quê? Para dar margem à mais violência? Quantos mais terão que morrer?

O segundo custo está relacionado ao aumento de mais tempo a ser dedicado pela nação a um segundo processo eleitoral traumático e à injeção de mais dinheiro público para empurrar uma eleição para o segundo turno onde as chances são praticamente nulas de alteração do resultado eleitoral. Ou seja: salvo a ocorrência de uma hecatombe, Luiz Inácio Lula da Silva será eleito novamente presidente da República. Nenhum analista sério, com base em dados sérios e com os pés na realidade cogita a hipótese de que Jair Bolsonaro seja reeleito. O atual presidente ultrapassa os 40% de rejeição e 50% de reprovação de governo: isso significa um saco de chumbo amarrado nos pés.

O terceiro custo é consequência do que acabamos de explicar. Caso haja um segundo turno, o Brasil verá um dos maiores balcões de negócios já instalados nessa República. Fora a turma do “vira-casaca”, uns cobrarão caro para ficar no barco furado de Bolsonaro e especialmente os que foram candidatos, aproveitarão para encontrar oportunidades de pagar as suas contas de campanha. Por outro lado, outros valorizarão o passe sob o argumento de ajudar na consolidação da vitória de Lula. O que isso significa? Mais figurões na fila para ocupar espaços no governo. Aumentarão assim, os compromissos assumidos por Lula.

Esse comprometimento influenciará no quarto custo que é o da construção da governabilidade, pois, não se tem ideia ainda do tamanho do apoio no Congresso que o presidente Lula terá. Daí, ao invés de um, serão dois custos: Um para bancar a turma do pula-pula que não vive sem governo e o outro para bancar a adesão dos candidatos a presidente derrotados no 1° turno.

O quinto custo então, virá na sequência: o impacto causado na construção e execução das políticas públicas, e no comprometimento da máquina, porque o futuro presidente Lula, depois de eleito mediante mais compromissos assumidos estará mais engessado. Do mesmo modo, o atual presidente Bolsonaro, que está atrás nas pesquisas e já entregou as mãos e os pés ao centrão, entregará o resto do corpo e alma não só seus, mas, do país, em um esforço gigantesco, para tentar, em vão, ultrapassar, o candidato Lula. Ou seja, com a eventual existência de um segundo turno, o Brasil, que tem urgência em reestabelecer políticas públicas responsáveis no meio ambiente, combate à fome, educação, economia, saúde, entre outras áreas, estará adiando por mais um mês a possibilidade de rearrumação da casa. Reaparece assim, mais uma vez, o custo do tempo – ou melhor, da perda de tempo, pois, ao invés de o país já planejar desde já um processo de transição – se é que ele existirá e será pacífico – e na formação de equipes e metas urgentes em cada área de governo, perderá mais um mês com um segundo e traumático processo eleitoral, sem chances de alteração de resultado.

Enfim, caso haja um segundo turno, o resultado da eleição para presidente não será alterado e todos esses custos serão pagos pela nação, seja à vista, ainda no governo Bolsonaro ou a prazo, um pouco mais adiante, no futuro governo Lula.

O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

AUTORIA

Robson Carvalho

ROBSON CARVALHO Doutorando em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB), é apresentador de TV na Band Nordeste e na TVT, de São Paulo.

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