Economistas interpretam a medida como descaradamente eleitoreira e como algo que pode causar danos no médio e longo prazos
Por Rafael Vazquez, Valor — São Paulo
O avanço no Congresso Nacional da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que eleva o valor do Auxílio Brasil, dobra o vale-gás e cria “vouchers” para caminhoneiros e taxistas é visto com preocupação por economistas. Profissionais ouvidos pelo Valor, interpretam a medida como descaradamente eleitoreira e como algo que pode causar danos irreparáveis a médio e longo prazos. A proposta foi aprovada no Senado com apoio da oposição e o governo já trabalha para acelerar a votação na Câmara.
“Tem vários problemas nessa PEC. O primeiro é, que depois de se criar uma institucionalidade para o tema das contas públicas, no momento em que vira um obstáculo do ponto de vista eleitoral, editam uma emenda constitucional para contornar tanto o teto de gastos como a vedação à criação de despesas no período eleitoral reconhecendo um estado de emergência absolutamente oportunista”, diz Bernard Appy, diretor do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF).
Appy explica que, embora o custo estimado do conjunto das medida de U$ 41 bilhões não seja um grande problema para 2022, já que a arrecadação está crescendo ajudada em parte pela inflação alta, o pacote monta uma bomba para o próximo governo que pode acabar não sendo desarmada. Segundo ele, é muito provável que uma parte relevante das despesas criadas não seja revertida.
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