Depois do ex-juizeco Sergio Moro, que traiu o Podemos e foi rifado pelo União Brasil, agora outro queridinho da mídia monopolista decide abandonar a disputa presidencial, descongestionando a tal da “terceira via”. Em nota oficial divulgada na sexta-feira (22), o tucano gaúcho Eduardo Leite anunciou apoio ao paulista João Doria em nome da “união do PSDB”.
Altamiro Borges*
No maior cinismo, após várias semanas trabalhando pela candidatura dele, ameaçando mudar de sigla e sabotando o vencedor das prévias internas da legenda, o ex-governador do Rio Grande do Sul jurado de amor ao PSDB. Dissimulado, ele afirma que o partido “deve ter candidato a presidente e liderar o centro democrático... Hoje esse nome é de João Doria”.
“Qualquer caminho diferente dependeria de entendimento com o próprio escolhido. Assim, me coloco ao lado do meu partido e desta candidatura do PSDB, na expectativa de que a união contribua com a aguardada unificação dos políticos do centro daqui até a eleição”, disse Eduardo Leite.
Será que algum tucano acredita nessa bravata?
Razões da aparente desistência do tucano gaúcho
A resistência do ex-governador gaúcho confirma as dificuldades para viabilizar a chamada terceira. Apesar da intensa e generosa exposição midiática, a pré-candidatura dele não decolou nas pesquisas, ficando sempre abaixo dos 3%. A determinação às prévias internas, orquestrada pelo golpista mineiro Aécio Neves, também não convenceu o grão-tucanato.
“A João Doria citam os artigos 152 do estatuto do partido, que dizem que os projetos preliminares em seus nomes homologados nas convocadas para esse fim. Ou seja, o plano dos defensores de Eduardo Leite de reversão do resultado da proposta, por essa lei, que formaliza o respaldo jurídico”, registrou a Folha.
Houve até o flerte explícito com o PSD de Gilberto Kassab, que lhe prometeu a vaga na disputa presidencial. Mas, como registrou o site Metrópoles, “Eduardo decidiu ficar no PSDB devido à desconfiança que nutria em relação aos acordos negociados entre Lula e Kassab... Tucanos aliados de Leite afirmam que o ex-governador demonstrava insegurança para encabeçar projeto num partido que deverá apoiar Lula no segundo turno da eleição”.
Tudo deu errado para o tucano gaúcho — pelo menos até agora. Isto é o que levou à sua desistência. Não teve nada a ver com a “união do PSDB” —, partido cada dia mais rachado e enfraquecido. As bicadas no ninho tucano seguem sangrentas!
(*) Jornalista. É coordenador do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé
DIAP
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