Uma década atrás, a montagem de automóveis na China era uma operação de baixa tecnologia. Nas fábricas, milhares de operários com salários de pouco mais de US$ 1 por hora executavam tarefas altamente repetitivas, e o número de robôs industriais em operação era mínimo.

Isso mudou.

Na mais nova linha de montagem da Ford em Hangzhou, ao menos 650 robôs se movimentam velozmente para montar as estruturas de aço. Operários cuidam de algumas das soldagens, mas boa parte do processo foi automatizada.

A moderna fábrica exemplifica a vasta transformação que aconteceu na indústria chinesa, com montadoras investindo bilhões no país, que se tornou o maior mercado de automóveis do planeta.

Para as montadoras, a opção é em parte questão de custo. Os salários dispararam porque companhias multinacionais transferiram boa parte de sua produção à China, e a mão de obra do país está mudando rapidamente.

A combinação entre a política que limitava os casais chineses a um só filho, que reduziu os índices de natalidade, e o salto de 800% no número de matriculados em cursos superiores reduziu em mais de 50% o número de pessoas que ingressam na força de trabalho a cada ano com educação inferior ao ensino médio —o grupo potencialmente mais interessado em empregos nas fábricas.

A automação também é uma necessidade competitiva. As montadoras estão disputando a atenção dos consumidores e não têm escolha a não ser empregar as mais recentes tecnologias.

A automação não causa na China um medo de perdas de empregos comparável ao que causa nos Estados Unidos.

A demanda por automóveis na China está crescendo rapidamente, e cada vez mais fábricas e operários são necessários para produzir mais carros. A fábrica da Ford em Hangzhou pode ter 650 robôs, mas possui 2.800 operários.

"Os robôs não são a ameaça", diz Paul Buetow, diretor da GM. "A ameaça é não podermos manter o negócio se não tivermos produtos que as pessoas desejam comprar."

 

 

 

  

Fonte: Folha, 17 de maio de 2017