Por Edna Simão, Valor — Brasília

A participação das mulheres no total de aposentadorias concedidas por tempo de contribuição apresentou queda de 2019 para 2020, passando de 40,5% para 35,2% — patamar mais baixo desde 2015 (34,5%). No caso dos homens, o percentual saltou de 59,5% para 64,8% de 2019 para o ano passado. Os dados constam de artigo do economista Rogério Nagamine Costanzi publicado, no mês passado, no boletim de informações da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Nos últimos anos, essa participação das mulheres estava subindo gradualmente devido à maior presença feminina no mercado de trabalho decorrente da a melhora da escolaridade. Em 2020, segundo técnico do governo ouvido pelo Valor, esse movimento foi interrompido por causa do impacto da pandemia no mercado de trabalho. A perda de emprego formal foi maior entre as mulheres. Mas a expectativa é que a redução das concessões para mulheres seja temporária. “A tendência é de aumento da participação da mulher”, explicou essa fonte.

“Apesar dessa predominância masculina na ATC [aposentadoria por tempo de contribuição], cabe destacar que está ocorrendo um incremento expressivo do sexo feminino na concessão dessa espécie de benefício que reflete os avanços das mulheres no mercado formal, que, por sua vez, devem ser decorrentes da melhora da escolaridade das mulheres acima daquela observada para os homens. A escolaridade é um fator fundamental para inserção no mercado formal de trabalho”, informa Nagamine em artigo.