A semana de trabalho tem cinco dias – a não ser que você seja vereador, deputado ou senador e trabalhe só três dias por semana. O ano tem doze meses – a não ser que você seja vereador, deputado ou senador e possa estabelecer recessos brancos quando bem lhe convier.

Nossos representantes no Legislativo não têm chefe. Seus patrões somos nós mas, convenhamos, somos os patrões que menos mandam em seus funcionários. Sendo assim, eles se dão ao luxo de, quando é de interesse de todos (de todos eles, digo) determinarem férias remuneradas prolongadas.

Assim, embora o ano esteja apenas em junho, para os caríssimos integrantes do Legislativo a vida em plenário já vai começar a rarear. A Copa do Mundo é só o começo. No Congresso, os deputados e senadores costumam também matar sessões coletivamente por causa das festas juninas.

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A desculpa é que as festas são importantes demais para os representantes de certos estados do Nordeste. E eles “precisam” estar lá com seus eleitores. Ou seja: remuneramos o pessoal para que eles possam fazer campanha pela reeleição em seus estados.

Os demais deputados e senadores acham injusto votar coisas importantes enquanto seus pares estão fora, sabe como é, então não se vota nada, e o pessoal do Sul também aproveita – especialmente em ano de renovação de mandato – para deixar Brasília às moscas.

Depois vem o recesso propriamente dito, que ninguém é de ferro. E, na volta, o que vai começar? A campanha eleitoral. E daí é que ninguém está nem aí para o plenário. É cada um em seu reduto tentando conseguir uns votinhos a mais para completar sua coleção e se reeleger.

Votações importantes, assim, só depois de outubro que, claro, o ano vai chegando ao fim de verdade.

Fonte: Gazeta do Povo, 19 de junho de 2018.