Em palestra a empresários em Curitiba, ex-ministro da Fazenda minimizou interesse do presidente Michel Temer na legenda tucana e reafirmou que não tem interesse em ser vice

O pré-candidato à Presidência pelo MDB, Henrique Meirelles, entende como parte do jogo democrático a aproximação do presidente Michel Temer com o ex-governador de São Paulo e pré-candidato pelo PSDB, Geraldo Alckmin. Em conversa com jornalistas após palestra a empresários em Curitiba (PR), nesta quinta-feira (10), Meirelles evitou polemizar ao falar sobre uma eventual chapa com a legenda tucana, mas voltou a afirmar que não pensa em ser candidato a vice – no dia anterior ele havia feito uma provocação afirmando que o PSDB é que poderia apontar um vice para sua chapa.

“Acho que é normal [a aproximação de Temer com Alckmin]. Conversação é a essência da democracia. Os líderes de um partido procuram o outro para conversar, por que não? Não se pode recursar o diálogo, tem que ser aberto”.

Questionado se vê sua candidatura sendo apoiada pelo presidente da República, o ex-ministro respondeu dando pistas de que uma mudança no cenário não está totalmente descartada. “Acredito que sim. Vamos ver como evolui. É a minha expectativa”.

Apesar do índice elevado de rejeição a Temer e da investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), que apura irregularidade no decreto dos portos e tem o emedebista como alvo, Meirelles acredita que o chefe do Executivo é um bom cabo eleitoral. O ex-ministro avalia que as reformas e medidas tomadas pelo atual governo, do qual fez parte, colocaram o Brasil novamente na rota do crescimento.

“Acredito que no devido tempo vai ficar claro o efeito, para o Brasil e para a população brasileira, das políticas adotadas neste governo”, sustentou. “Na gestão, é inquestionável. O Brasil caiu 3,5% em 2016, cresceu 1% em 2017 e vai crescer 2,5% em 2018. Isso é inquestionável”, afirmou.

E como forma de sustentar a ideia de que sua candidatura tem musculatura para crescer a partir do período eleitoral e que encontra em Temer um bom cabo eleitoral, voltou novamente aos números, como a criação de 2 milhões de empregos nos últimos dois anos e a expectativa do governo de criar, para este ano, de 2,5 milhões de novos postos de trabalho.

Vice de Alckmin ou ao contrário?

Sobre a possibilidade de uma aliança com o PSDB, Meirelles disse estar aberto a conversações, mas reafirmou que seu projeto é de candidatura à Presidência. “Estamos abertos a todas as conversas. O diálogo é importante, é a essência da democracia. Dito isso, nosso projeto é de uma candidatura a presidente. Evidentemente quando se colocar a ideia de que o MDB pode apontar o vice em uma chapa liderada pelo PSDB, [pergunto] por que não ao contrário?”

O ex-ministro tomou o cuidado de afirmar mais de uma vez ter respeito pelo ex-governador de São Paulo, com quem o diálogo, afirma, sempre foi excelente. Para ele, no entanto, uma vez que a legenda tucana já tem pré-candidato, seria um desrespeito a Alckmin propor o lugar de vice em sua chapa.

Sobre sua colocação nas pesquisas atuais, que o apontam com 1% na intenção de voto do eleitor, Meirelles acredita que os pré-candidatos que já protagonizaram campanhas anteriores a presidente – casos de Alckmin, Ciro Gomes e Marina Silva, por exemplo – em algum momento devem chegar em um limite na preferência do eleitor, ao passo que seu nome, ainda pouco conhecido, pode subir no momento em que a população souber, ao longo do período de programa eleitoral, de seu histórico e sua atuação como ministro da Fazenda.


Fonte: Gazeta do Povo, 11 de maio de 2018.