Candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) foi o principal alvo dos presidenciáveis no primeiro debate entre os candidatos a presidente em 2022, promovido em conjunto pela Band, pela TV Cultura, pelo UOL e pela Folha de S.Paulo na noite deste domingo (29). Dono do tom mais agressivo entre os seis participantes, Bolsonaro tentou encurralar o ex-presidente Lula (PT), que lidera as pesquisas, chamando-o de “ex-presidiário” e de chefe do “governo mais corrupto da história”. Lula evitou o debate sobre a corrupção e focou nos números de seu governo e no discurso de que é capaz de fazer o Brasil reviver dias melhores. O petista preferiu apostar no estilo moderado e poucos ataques fez aos adversários.

Bolsonaro, no entanto, derrapou ao falar de mulheres, grupo do eleitorado em que enfrenta maior rejeição. E acabou, ele próprio, acuado pelas duas candidatas presentes: Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil), que expuseram a já conhecida agressividade do presidente em relação ao público feminino. No segundo bloco do debate, o presidente chamou a jornalista Vera Magalhães, que havia questionado Ciro Gomes (PDT) sobre a política do governo sobre vacinas, de “vergonha do jornalismo brasileiro”.

Simone Tebet saiu em defesa da jornalista e acusou o presidente de agredir as mulheres. Bolsonaro retrucou: “A senhora é uma vergonha para o Senado, não vem com essa historinha de que eu ataco mulheres, de se vitimizar”. Soraya Thronicke, então, fez desagravo a Vera Magalhães. “Quando eu vejo homem sendo tchutchuca com outros homens e ser tigrão pra cima das mulheres eu não aceito”, afirmou a senadora, que rompeu com Bolsonaro após ter sido vice-líder de seu governo. Na semana passada Bolsonaro foi chamado de “tchutchuca do Centrão” por um manifestante no Palácio da Alvorada.

Soraya e Simone, que representam Mato Grosso do Sul no Senado e se conheceram na sala de aula – a primeira foi aluna da segunda no curso de Direito -, aproveitaram a visibilidade do debate para se apresentarem ao eleitorado. A emedebista tem aparecido com 4% nas pesquisas eleitorais, enquanto a colega ainda não pontuou. Ambas defenderam que a eleição não se resume a Lula e Bolsonaro e que têm credenciais para resolver os problemas do país.

Ciro Gomes distribuiu ataques a Bolsonaro e Lula e não poupou o petista mesmo após ter sido cortejado por ele. O pedetista chamou o petista de “encantador de serpentes” e o responsabilizou pela eleição de Bolsonaro e pela crise econômica. Já Felipe D’Ávila (Novo) teve participação discreta no debate. Poucas propostas foram apresentadas pelos candidatos nas três horas de discussões.

O debate promovido em conjunto pela Band, pela TV Cultura, pelo UOL e pela Folha de S.Paulo começou pontualmente às 21h deste domingo (28). Os dois primeiros blocos foram apresentados pelos jornalistas Eduardo Oinegue e Adriana Araújo. O terceiro, por Fabíola Cidral, do UOL, e Leão Serva, da TV Cultura. Ao final, cada candidato teve breve tempo para as manifestações finais. Foram concedidos dois direitos de resposta – um para Lula e outro para Bolsonaro.