Custo de produção e dificuldade de execução de obras fora do eixo Rio-SP pressionam resultados
Gafisa tem prejuízo de R$ 1 bi em 2011 e Rossi, Cyrela e Brookfield lucram menos; já MRV e Eztec têm ganho maior
CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO
Custos, principalmente de mão de obra, e dificuldades na execução de empreendimentos fora do eixo Rio-SP pressionaram as finanças de construtoras em 2011.
Várias das maiores empresas do setor perderam valor de mercado e começam o ano tentando ajustar as contas.
A Gafisa teve prejuízo de R$ 1,1 bilhão em 2011, em contraposição ao lucro de R$ 416 milhões em 2010, enquanto outras companhias lucraram menos de um ano para outro -como Cyrela, Brookfield e Rossi.
No caso da Gafisa, o maior impacto veio da marca Tenda, do nicho econômico de imóveis até R$ 130 mil, mas também houve dificuldades no segmento de imóveis mais caros (marca Gafisa).
"Tentamos replicar, fora do eixo Rio-São Paulo, modelo de produção e escala que não foi viável", diz Duilio Calciolari, diretor-presidente do grupo. "Pretendemos voltar a esses mercados de outra forma, talvez mais devagar."
A empresa afirmou ter encontrado dificuldades, por exemplo, para se abastecer de materiais na velocidade necessária, encontrar mão de obra qualificada e controlar, à distância, as operações dos parceiros locais.
Problemas semelhantes foram enfrentados pelas principais companhias do setor, destaca o Secovi-SP (sindicato da habitação).
"A dinâmica de cada lugar é diferente; a intensidade e a velocidade de venda e de entrega das obras variam", diz Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP.
Alexandra Almawi, economista da Lerosa Investimentos, destaca que a demanda por imóveis é grande fora do Sudeste e que as construtoras não podem abrir mão de novos mercados.
"Mas vão vencer as empresas que se estruturarem internamente. Várias tiveram problemas de atraso de obras que precisam ser resolvidos."
A Gafisa, por exemplo, planeja segurar o ritmo de lançamentos em 2012, principalmente na marca Tenda.
Na contramão das concorrentes, MRV e Eztec lucraram mais em 2011 do que em 2010. A estratégia da Eztec foi se concentrar em São Paulo. A MRV apostou em diversas regiões, mas sem aquisições e controlando a gestão das obras. "Preferimos o crescimento orgânico", diz Rubens Menin, presidente da MRV.
Fonte: Folha de S.Paulo, 4 de abril de 2012
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