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Governo tenta reativar economia, e analistas apontam risco de inflação

 

Banco Central intensifica esforços por meta de salvar crescimento no fim deste ano e em 2012

Ex-presidente do BC Gustavo Loyola alerta que exagero no remédio anticrise pode provocar novas altas de preços


MARIANA CARNEIRO
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO


O governo federal intensificou nas últimas semanas os esforços para reativar a economia e tentar salvar o crescimento neste ano e em 2012.

Após iniciar um ciclo de redução da taxa de juros em agosto, o Banco Central anunciou há duas semanas a retirada de restrições ao crédito pessoal e ao financiamento de automóveis.

Depois de um terceiro trimestre fraco, as medidas buscam reaquecer a atividade e minimizar os impactos negativos do cenário externo.

Analistas alertam para o risco de a estratégia provocar, como dano colateral, um novo aumento da inflação. Eles dizem que é preciso não exagerar no remédio anticrise.

O ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, da consultoria Tendências, lembra que o Brasil ainda tem uma inflação elevada. Embora em queda, a taxa pode ser realimentada rapidamente no início do ano que vem.

Isso porque os cortes de juros, as medidas de afrouxamento do crédito e o aumento do salário mínimo devem fazer efeito no mesmo período, entre março e abril.

Em resposta ao risco inflacionário, o ministro Guido Mantega (Fazenda) vem prometendo segurar os gastos públicos e manter o superavit primário (dinheiro economizado para pagar juros da dívida pública) em 3,1% do PIB até 2014.

O governo caminha para cumprir a meta neste ano, mas, no próximo, o forte reajuste do salário mínimo (que deve subir de R$ 545 para R$ 625) e a retomada dos investimentos congelados em 2011 vão pressionar os gastos.

SUPERAVIT MENOR

O banco Itaú estima que em 2012 o superavit vai recuar para 2,5% do PIB. Ainda assim, é um resultado melhor que os de 2009 e 2010.

O economista do Itaú Aurélio Bicalho observa que, diferentemente da estratégia que se seguiu à crise de 2008, desta vez o governo não fez desonerações com estímulo direto ao consumo, como cortes de impostos sobre eletrodomésticos e carros -o que reduziria mais o superavit.

O economista André Biancarelli, da Unicamp, considera acertada a estratégia de descongelar investimentos em vez de desonerar setores escolhidos. "É preciso enfrentar o problema da perda de competitividade da indústria, que é resultado da deficiência de infraestrutura."

Biancarelli observa ainda que conduzir a economia agora é mais difícil do que fez o governo em 2008 e 2009.

"No passado, a necessidade de ações anticíclicas era clara. Agora, não estamos nem diante de uma catástrofe nem de uma recessão total da economia brasileira", diz.

JUROS

Sem as desonerações, a retomada da economia deve ser mais lenta, diz Bicalho. Por outro lado, "a preocupação em manter o crescimento acima de 3% em 2012 deve levar o BC a cortar os juros até 9%".

Desde agosto, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) já promoveu dois cortes na Selic, reduzindo a taxa de juros de 12,5% para 11,5%. A expectativa da maioria dos economistas é de nova redução de 0,5 ponto percentual nesta quarta-feira.

Apesar de a crise europeia continuar sem solução (o que elevou apostas numa redução maior dos juros), o BC vem sinalizando que os cortes continuarão moderados.


 Fonte: Folha de S.Paulo, 28 de novembro de 2011


 

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