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Governo quer se comunicar melhor sobre Previdência

A crise que levou à redução drástica nas vendas e na produção de veículos no Brasil provocou o fechamento, de 2014 até agora, de 31 mil vagas nas montadoras, onde normalmente os empregos são considerados de melhor qualidade. Na rasteira, foram demitidos mais de 50 mil trabalhadores nas autopeças e mais de 124 mil nas concessionárias, numa conta que supera 200 mil cortes.


Os números vão seguir em alta, pois ainda há ajustes a serem feitos em algumas fábricas, como as de Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR), onde a Volkswagen deve seguir o mesmo procedimento realizado na unidade do ABC paulista, com abertura de programa de demissão voluntária (PDV), que atraiu pelo menos 1,2 mil funcionários nos últimos dias.


Na Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP), 1.047 trabalhadores se inscreveram em um PDV nas duas últimas semanas, após a montadora oferecer R$ 100 mil como incentivo, além dos direitos da rescisão. Apesar disso, a empresa não obteve as 1,4 mil adesões que esperava e, por isso, demitiu mais 370 funcionários.


Após uma semana marcada por informações desencontradas sobre os planos para ajustar as contas públicas no País, o governo Michel Temer decidiu afinar as ações de comunicação e decidiu lançar uma campanha de conscientização popular a fim de aprovar a reforma da Previdência no Congresso.


Interlocutores do presidente consideram que, mais importante do que fixar uma data para enviar as mudanças das regras previdenciárias ao Legislativo, é fazer uma campanha de esclarecimento para atuais e futuros beneficiários. O governo vai bater na tecla de que as regras do Brasil são muito generosas em relação a outros países e que, sem uma reforma, não haverá recursos para pagar benefícios concedidos a aposentados e pensionistas em razão do aumento dos déficits previdenciários.


Na terça-feira passada, 6, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, havia informado que a proposta seria remetida ao Congresso ainda neste mês. A iniciativa atendia à pressão do PSDB, principal aliado de Temer, mas desagradava a parte da base que defendia o envio da proposta depois das eleições municipais, temendo prejuízos na campanha.


O texto deve estabelecer, entre outras mudanças, uma idade mínima para a aposentadoria de 65 anos para homens e mulheres.


Na sexta-feira, 9, Geddel mudou o discurso: disse ser contra estipular um prazo para o envio da reforma. Defende que é preciso fazer um trabalho de conscientização antes de remeter a proposta. “A decisão do presidente é essa, mas é claro que, em tema dessa complexidade, é sempre prudente ouvir os aliados”, disse. O ministro revelou que o governo prepara uma campanha para orientar a população sobre a necessidade de se mudar as regras da aposentadoria para garantir o pagamento de benefícios futuros: “Vamos analisar tudo com tranquilidade.”



Timing


O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, concorda que o importante não é o momento do envio da proposta, se antes ou depois das eleições, mas sim a forma como o governo colocará o debate para a sociedade.


“Reforma da previdência não é fácil em nenhum lugar do mundo. Tem de explicar para a sociedade, principalmente para as pessoas mais simples. As pessoas vão querer discutir exaustivamente. Vai modificar um contingente muito grande. O governo está se preparando para uma campanha muito grande de esclarecimento”, disse.


Para Mansueto, mesmo as pessoas com alta escolaridade no Brasil, consideram ser normal se aposentar muito cedo com regras especiais. “Tem que mostrar as regras no resto do mundo para provar que não é normal as pessoas se aposentarem com 49 anos, 54 anos. O Brasil vai envelhecer e se a gente não fizer reforma corre o risco de a gente não ter dinheiro lá na frente para pagar os aposentados”, completou.


Outro integrante da equipe econômica admitiu reservadamente que, sem um esclarecimento maior para a sociedade, vai ser mais difícil aprovar a proposta. Ele disse que, somente após se criar o ambiente de que é imprescindível reformar a Previdência, é que se deve enviar o texto ao Congresso.


Ainda não está fechado quando a campanha de esclarecimento será divulgada. A ação do governo visa a convencer, em dois turnos de votação, ao menos 308 dos 513 deputados e 49 dos 81 senadores, quórum necessário para aprovar uma emenda constitucional, como será a reforma da Previdência.





Fonte: Tribuna do Paraná / Estadão Conteúdo, 12 de setembro de 2016.

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