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Diferença de rendimento entre negros e não negros aumenta na Grande SP

Enquanto o rendimento por hora dos negros ficou praticamente estacionado, com alta de 0,3% entre 2013 e 2014, o dos não negros subiu 2,9% nesse período na Grande São Paulo. Com isso, aumentou a distância entre os dois grupos. Negros ganhavam em 2014 R$ 8,79 em média por hora, 36% a menos do que não negros na Grande São Paulo, com R$ 13,80 por hora. Os dados são de estudo da Fundação Seade divulgado nesta terça-feira (17).

Segundo o economista Alexandre Loloian, responsável pela pesquisa, a tendência geral dos últimos anos tem sido de queda da diferença, com aumento da remuneração de setores onde os negros predominam. Mas a desaceleração da economia, que se acentuou a partir de 2014, prejudicou principalmente os negros no quesito rendimento, apesar de o desemprego ter aumentado mais para os não negros. Esse processo deve continuar a ocorrer em 2015, afirma. Ele destaca o setor de serviços como um dos principais responsáveis pela alta da diferença. Negros e não negros têm participação equivalente no setor em geral, mas não negros predominam nas áreas que pagam melhor e que tiveram aumento de rendimento, como serviços financeiros, serviços para empresas e administração pública. Serviços de alojamento, transporte e atividades administrativas, com forte atuação de empresas de terceirização pagam menos e têm predominância de negros. E tiveram queda de rendimento. De acordo com o estudo, a diferença histórica se explica pela ocupação maior de negros em áreas menos regulamentadas e que pagam menos, como a de empregados domésticos, que passou em 2014 por retração. 9% dos ocupados negros trabalham como domésticos, enquanto essa taxa é de 5% para os não negros. Além disso, 9,6% dos negros e 6,3% dos não negros trabalham na construção.

Na outra ponta, nas áreas que pagam mais os não negros são maioria. 16,7% dos ocupados não negros trabalhavam na indústria da transformação em 2014, enquanto essa taxa era de 16,2% para os negros. MULHERES NEGRAS A diferença é particularmente acentuada entre mulheres negras e homens não negros. Apesar de uma leve melhora em comparação ao ano anterior, em 2014 elas ganhavam 51,5% do que eles ganhavam. Isso se explica pelo tipo de atividade ocupada por essas mulheres. O emprego doméstico tem sido exercido, predominantemente, por mulheres negras, mais velhas e com baixo nível de escolaridade, por exemplo. A defasagem é bem maior do que a entre mulheres não negras e homens não negros. Em 2014, elas ganhavam 80,4% do que os homens não negros não ganhavam. No mesmo ano, homens negros ganhavam 63,5% do que homens não negros ganhavam. DESEMPREGO O aumento mais acentuado do desemprego entre os não negros fez com que a diferença diminuísse nesse quesito na Grande São Paulo.

Segundo o estudo, a taxa de desemprego aumentou, entre 2013 e 2014, de 9,4% para 10,1% entre os não negros. Como ela permaneceu estável em 12% para os negros, a diferença entre as duas taxas caiu de 2,6 para 1,9 ponto percentual no período. De acordo com Loloian, isso ocorre porque o desemprego aumentou mais em setores onde há maioria de não negros, como indústria e comércio. A proporção de negros com carteira assinada permaneceu, em 2014, ligeiramente menor para não negros, compondo 62,9% do total dos trabalhadores empregados, enquanto a taxa para os negros era de 61,7%. O estudo destaca que isso se explica pela menor proporção de negros no setor público. A hipótese do estudo é de que o menor acesso ao ensino superior diminui também a entrada dos negros no funcionalismo público.



Fonte: Bem Paraná, 18 de novembro de 2015




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