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CBIC: Hora e vez do Projeto para o Brasil

 

 A pesquisa do Datafolha sobre as eleições de 2014, publicada no dia 30/11/2013, revelou algo intrigante: a presidente ganharia as eleições, mas, ao mesmo tempo, dois em cada três brasileiros querem que "a maior parte das suas ações seja diferente" das atuais. Isso está presente, sobretudo, entre os mais jovens, os mais ricos e mais escolarizados; da mesma forma, nas regiões mais prósperas e nos municípios mais populosos.



 Ora, esse sentimento, que, com pauta difusa e sem orientação por resultados, ganhou a rua em junho do ano passado, indica, na verdade, que parte expressiva dos cidadãos brasileiros está mais desejosa de grandes mudanças do que propriamente insatisfeita com a presidente.



 Como explicar grau tão alto de insatisfação diante de milhões de beneficiários do Brasil sem Miséria, onde se destaca o Bolsa Família? Do Minha Casa, Minha Vida? Das políticas de valorização do salário mínimo (de dez/2002 a dez/2013, um aumento real de 81,4%, que se transmite à previdência e assistência social, ao seguro-desemprego e abono salarial)? Mais: da inflação sob controle e do índice de desemprego lá embaixo? E, se não houve o espetáculo do crescimento (o PAC andou devagar), não faltou o do consumo.



 Seriam as expectativas crescentes? Mas há demandas sociais reprimidas, enquanto o rentismo campeia: este ano os juros e encargos da dívida pública federal (R$ 189,5 bilhões) vão consumir mais que saúde, saneamento, educação, cultura e segurança pública, tudo reunido (R$ 187,8 bilhões).Mesmo sem questionar o destino da dívida, além de juros escorchantes para o padrão internacional, 70% dos valores pagos vão cair no bolso de apenas 20 mil grupos familiares ("Os ricos do Brasil", Ipea).



 É frustrante também ver os partidos desconectados da sociedade, como meros instrumentos para acordos que não levam em conta os anseios da população; visam apenas ganhar eleição e dividir cargos e outras benesses no governo.



 É improrrogável, portanto, reordenar as prioridades e dar um norte ao País. O Brasil, por suas dimensões econômica, demográfica e ambiental, não pode navegar sem um projeto.



 Temos as grandes diretrizes de política econômica do governo FHC (inclusive a falta de política regional), política social de largo e profundo alcance, maior projeção e menor vulnerabilidade externa, o PAC e o Pré-Sal. Mas não temos ainda um rumo, um projeto. Não estariam aí as grandes mudanças?



 O projeto de que falamos deve avançar mais na democracia e nas conquistas sociais; manter a inflação sob controle e transformar o rentismo em capacidade de investimento; ter como motor do crescimento o mercado interno, em que o Nordeste é uma das principais fronteiras de expansão. E, para reforçar e desenvolver as articulações internas, buscar a integração externa por meio da competitividade de nossa economia, sob pena de o País render-se de vez à lógica de fora, fragmentar-se cada vez mais e voltar a ser o arquipélago econômico que o caracterizou no período colonial. Eis aí a pauta obrigatória para 2014.

 

 

 

 

 

FONTE: CBIC, 14 de janeiro de 2014

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