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Diploma universitário é artigo raro em favelas

Consequência é que 31,6% dos moradores dos aglomerados subnormais têm rendimento de até meio salário mínimo

Apenas 1,6% dos moradores de domicílios irregulares possuíam diploma universitário em 2010, ante 14,7% da população residente em outras áreas das cidades. Os dados são da pesquisa Áreas de Divulgação da Amostra para Aglomerados Subnormais, lançada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

O único município paranaense que aparece no estudo é Curitiba, onde 1,31% dos moradores de "aglomerados subnormais" (como são definidas as favelas e outras moradias inadequadas) têm diploma do ensino superior. Nas outras áreas da capital, o índice é de 13,49%. 

Em Londrina, também não é fácil encontrar formados entre os moradores da periferia. A reportagem percorreu o Jardim São Jorge (zona norte) atrás dessas pessoas que superaram as dificuldades e conseguiram conquistar o tão cobiçado diploma. 

O bacharel em contabilidade Sebastião Gonçalves David Filho, de 33 anos, é um desses moradores que superaram as adversidades. Funcionário de um escritório no centro, ele conta que entrou no cursinho da Universidade Estadual de Londrina (UEL) para tentar uma vaga na instituição, mas foi atrapalhado pela greve de 2001, que durou seis meses. 

Depois, graças a uma bolsa de estudos concedidas pelo patrão, pôde finalmente realizar o sonho de se formar em Contabilidade em uma faculdade particular. "No último ano consegui pagar as mensalidades com o meu próprio salário", revelou David Filho. Para ele, as dificuldades para se obter um diploma já não são tantas quanto naquela época. 

"Hoje as pessoas conseguem vagas pelas cotas raciais e sociais, conseguem financiamento. Não importa se a pessoa mora no centro ou na periferia, pois se tiver realmente vontade, consegue", declarou. 

O pesquisador da Coordenação de Geografia do IBGE, Maurício Gonçalves e Silva, lembrou que embora as desigualdades entre moradores de áreas urbanas e de imóveis irregulares do Brasil não sejam novidade, a dimensão dessas discrepâncias sociais e educacionais é dada pela primeira vez pelo estudo. 

Em relação aos rendimentos, 31,6% dos moradores dos aglomerados subnormais tinham rendimento domiciliar per capita de até meio salário mínimo, ante 13,8% nas outras áreas urbanas. Apenas 0,9% dos moradores de comunidades carentes tinham rendimento domiciliar per capita de mais de cinco salários mínimos, ante 11,2% nas demais áreas da cidade. "Embora a relação entre educação e rendimento possa ter relação, eu não posso afirmar isso, pois precisaria contextualizar as informações", argumentou. Ele citou os graduados em cursos técnicos do Ensino Médio como "um exemplo de que nem sempre é preciso ter diploma de curso superior para alcançar salários melhores". 

Quase 28% dos trabalhadores moradores dessas comunidades não tinham carteira assinada em relação a outras áreas da cidade (20,5%). Silva explicou que embora a diferença não tenha sido tão grande em termos percentuais, nominalmente os números são significativos.(Com Agência Brasil)

Fonte: Folha de Londrina, 07 de novembro de 2013

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