Com protesto e piquete, serão denunciadas, no próximo dia 6, em Genebra, as mais de 60 mortes na preparação dos Jogos de Inverno de Socchi, marcando o início de uma campanha internacional pelos direitos dos trabalhadores da construção na Copa FIFA 2018.
A ICM realizará no próximo dia 6 de fevereiro, em frente à embaixada da Rússia em Genebra (Suíça), um protesto para denunciar ao mundo a grave situação dos trabalhadores da construção em Sochi e a possibilidade dessa exploração do trabalho se repetir nas onze cidades-sede da Copa 2018, na Rússia. O protesto prevê um piquete na porta da embaixada e conta com o apoio da Confederação Sindical Internacional (CSI) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), por meio da ACTRAV – Oficina de Atividades aos Trabalhadores.
As estatísticas oficiais 2009-2011 mostram 71 acidentes durante as preparações dos jogos em Sochi, sendo metade deles com vítimas fatais. A ICM estima que mais de 60 trabalhadores morreram em Sochi e as checagens locais feitas por sindicalistas revelam 20 mortes só em 2010, e 25 mortes em 2012. Ainda em 20 de novembro de 2013, um trabalhador morreu e dois ficaram feridos no principal estádio (Fisht).
O legado dos jogos de Sochi também são salários não pagos, condições inseguras de trabalho, turnos de mais de doze horas de trabalho, falta de moradia, e os trabalhadores migrantes traficados, em especial da Sérvia. Com o apoio sindical, por exemplo, cerca de 150 trabalhadores sérvios, abandonados sem salário e sem documentos, foram repatriados.
Escravatura moderna
Os trabalhadores na Rússia estão iniciando a Campanha pelo Trabalho Decente Antes, Durante e Depois da Copa, semelhante à campanha desenvolvida no Brasil, com o objetivo de derrubar a lei da copa, aprovada pelo governo russo em junho de 2013, que elimina numerosas normas laborais no trabalho de preparação do evento de 2018, incluindo a liberdade para empregar trabalhadores imigrantes sem o cumprimento das normas trabalhistas.
“Esta campanha global pretende ser um grande alerta sobre a ameaça que essa situação representa aos trabalhadores de todo o mundo. Sem proteção laboral, os mega eventos vão se tornando uma disputa dos piores padrões, das piores práticas. A Copa UEFA 2012 custou a vida de 16 trabalhadores ucranianos e quatro poloneses. Isso precisa parar!”, comenta o representante regional da ICM na América Latina e Caribe, Nilton Freitas.
Fonte: ICM, 06 de fevereiro de 2014
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