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Registros de trabalho escravo quase triplicam na região de Campinas

Os registros de trabalho análogo à escravidão quase triplicaram na Região Metropolitana de Campinas (RMC) de janeiro até o dia 20 de março, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT). Em 2012 foram três casos e, este ano, são oito.



A construção civil é o setor com o maior número de casos de trabalhadores em situação degradante este ano, com três ocorrências. Outros dois foram identificados em restaurantes, além registros em empresas de vigilância, tecnologia e indústria têxtil.



“Fico imaginando como as pessoas podem morar com porcos, que entram na sua casa e reviram o lixo. É muito absurdo”, diz o procurador do MPT Ronaldo Lira, ao resumir a situação dos que vivem em regime análogo ao trabalho escravo. O órgão também afirmou que dos oito casos em 2013, cinco são em Campinas e  os outros estão divididos entre Nova Odessa (SP), Americana (SP) e Valinhos (SP).



'Jogado junto com animais'


O pedreiro Valdeír Amorim Lopes vivia em um alojamento que foi interditado em Campinas (SP), mas voltou para seu estado natal, o Maranhão. "Colocaram a gente lá e esqueceram", disse ele. "Não tem assistência nenhuma. Você fica jogado junto com animais, se a gente não buscasse o que comer e produtos de higiene por nossa conta, não teríamos nada", relata.


Segundo o procurador do MPT o aumento de casos está ligado ao crescimento de obras na região de Campinas. "Empresas e construtoras buscam trabalhadores nas regiões mais pobres do país”, disse Ronaldo Lira. "Eles só pensam em mão de obra barata, só pensam em trazer pessoas, não registram, não dão a menor condição, isso tem que ser combatido com fiscalização", completou.Atualmente desempregado, ele recorda as promessas feitas pelas construtoras. "Eles vão até o Nordeste, falam de trabalho, condição boa, mas não cumprem. Eu cheguei a ver pessoas que moravam comigo, que trabalhavam em outras obras, que ao chegar aqui, foram dispensados. Como faz? Volta pra casa sem nada?", desabafou.


O procurador afirma que uma das soluções para melhorar a fiscalização seria criar grupos estaduais especializados, que teriam apenas a função de frequentar as obras as moradias. "Os alojamentos realmente estão em situação muito degradante. Animais, fios desencapados, risco de incêndio são coisas recorrentes nesses locais", disse Lira.



"Está cada vez mais comum ver bolivianos pelas ruas de Americana, eles estão migrando mesmo para o interior. Essas pessoas vem para trabalhar em empresas de marcas famosas, que a gente vê em shopping", disse. Bolivianos


O levantamento do MPT também apontou que os bolivianos que trabalhavam em indústrias têxtil de São Paulo estão migrando cada vez mais para a região de Campinas, principalmente nas cidades deAmericana e Indaiatuba (SP). A situação ocorre por conta do aumento da fiscalização na capital.


Em relação aos oito casos de trabalho escravo registrados em 2013, o órgão informou que assinou Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) com as empresas para a situação ser regularizada. Segundo o MPT, os trabalhadores resgatados receberam o que tinham direito.


Fonte: G1, 25 de março de 2013


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