A equipe de análise da Citi Corretora estima que a volta da construtora MRV ao cadastro do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que elenca empresas acusadas de adotar trabalho escravo terá um impacto mínimo sobre as finanças da empresa. Na avaliação da instituição, o tempo de permanência tende a ser curto.

Segundo a Citi, o fato de os bancos públicos Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil não concederem financiamentos a empresas citadas na lista pode pressionar o desempenho das ações. Segundo a própria MRV, cerca de 80% de suas vendas são financiadas pela Caixa, outros 15% pelo BB e o restante por outras instituições.

Em agosto de 2012, quando foi incluída pela primeira vez no cadastro, citada por projetos em Bauru (SP) e Americana (SP), a MRV demorou 30 dias para obter uma liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e sair da lista. “Uma resposta rápida é essencial para diminuir o impacto sobre os lançamentos e certas partes do processo de financiamento da hipoteca”, afirmam os analistas Dan McGoey e Paola Mello.

Caso a incorporadora consiga deixar o cadastro em pouco tempo, os impactos serão pequenos no balanço. Segundo a equipe da corretora, o financiamento a obras em andamento não é afetado e já há alguns projetos pré-aprovados para o primeiro trimestre de 2013.

Além disso, os primeiros três meses do ano costumam ser mais lentos. Historicamente, respondem por apenas 10% dos lançamentos do total do ano. Uma queda de 20%, por exemplo, se traduziria em um impacto de cerca 2% sobre 2013, de acordo com a Citi. Caso alguns projetos sejam adiados, a MRV ainda pode alocá-los em outros trimestres, afirma o banco.

Para os analistas que assinam o relatório, o caso foi exceção. “Vemos as notícias como um evento isolado, citando três de 325 projetos em desenvolvimento (até o terceiro trimestre de 2012).”

(Tatiane Bortolozi | Valor, 5 de janeiro de 2013)