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Paraná tem um acidente de trabalho a cada 15 minutos

A cada 15 minutos, o Paraná registra um acidente de trabalho. A cada 24 horas, um desses acidentes resulta em morte. Em Maringá, o caso mais recente aconteceu há 5 dias, com a morte de dois operários da construção civil. José Farias dos Santos, 23 anos, e Norberto Aparecido Pereira, 47, caíram do 10º andar de um prédio em construção na Rua Monsenhor Kimura, Vila Cleópatra. Eles estavam em um andaime que cedeu. 

Dados da Previdência Social apontam que são gastos, por ano, entre 2,5% e 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do País com o pagamento de benefícios e com o afastamento de trabalhadores.

Ricardo Lopes

O diretor do Centro Estadual de Saúde do Trabalhador, da Secretaria de Saúde, José Lúcio dos Santos, considera os números preocupantes. "É uma situação que não agrada ninguém, nem a área de saúde e nem os empresários."

Até o fim do ano, o Paraná terá mais três Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest). Um deles será instalado em Maringá, no prédio da 15ª Regional de Saúde. O objetivo é melhorar a notificação de acidentes e doenças do trabalho e assim preveni-los.

A notificação de acidentes e doenças decorrentes do ambiente de trabalho ainda é baixa e não reflete a realidade. Um exemplo é um acidente de trânsito. As estatísticas mostram que o acidente existiu, mas na maioria das vezes não se investiga se a vítima estava a caminho do trabalho ou se estar no trânsito é o seu próprio trabalho.

O mesmo acontece para uma mulher que procura uma unidade de saúde com dor no braço. "O médico trata a dor, mas não investiga se ela aconteceu como consequência da ergonomia do ambiente de trabalho da paciente", cita o diretor.

"Queremos que o profissional passe a ter esse olhar e que, além de tratar a dor, verifique se a queixa tem relação com a atividade que o paciente exerce."

De acordo com Santos, toda atividade pode expor o trabalhador a riscos, o que varia é gravidade do perigo. Ele enumera que as áreas da indústria de abate de animais, metalurgia e construção civil são as que têm alerta vermelho. "A maioria das atividades modernas traz consigo um grau de risco não só de acidente, mas também de processo de adoecimento."

A construção civil está entre as dez atividades que mais afastam trabalhadores no Paraná. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção e do Mobiliário de Maringá (Sintracom),Jorge Moraes, diz que o canteiro de obras expõe o operário a constante perigoso. "Tem que ter cuidado 24 horas porque o trabalhador está exposto ao risco enquanto estiver lá."

A cidade passou 3 anos sem registrar mortes na construção civil até que na última quinta-feira dois operários se acidentaram em um canteiro de obras.

Segundo Moraes, os dois conheciam os perigos de uma obra tanto que, em 2009, participaram de uma palestra sobre prevenção de acidentes. "Eles sabiam o que poderiam acontecer na construção civil e tinham conhecimento dos equipamentos de proteção."

Moraes cita que duas falhas foram determinantes para a morte dos operários: a primeira do andaime e a segunda da falta do cinto acoplado à corda de segurança. "O equipamento de proteção individual só entra em ação quando o [equipamento] coletivo falha", diz.

"É como o cinto de segurança no carro. Ele só é acionado quando o freio do carro falha", exemplifica. "Se os operários estivessem com o cinto acoplado na corda, eles estariam machucados, mas vivos."

Em um canteiro de obras, são três os acidentes mais perigosos para os operários: queda de altura – abrange a queda do trabalhador e objetos que caem sobre ele –, choque elétrico e soterramento.

Fornecer os equipamentos de proteção individual (EPIs) e preparar o trabalhador para usá-lo são responsabilidades das empresas. Santos diz que o empregado tem o direito de exigir os equipamentos.

Maringá é o quarto município do Estado com maior número de acidentes de trabalho, segundo a Previdência Social. Estatísticas mostram que, em 2009, foram registrados 2.407 acidentes na cidade. Em Curitiba, foram 11.149; em Londrina, 3.587; e em Cascavel, 2.718.

Estatística

7 pessoas morrem por dia no Brasil em decorrência de acidentes de trabalho.

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Fonte: O Diario, 28 de Setembro de 2011 

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