Paraná é o terceiro estado com mais candidatos brancos

Estudo mostra que negros, mulheres e indígenas ainda são subrepresentados na política.

Enquanto 20,6% da população do Sul do Brasil é formada por negros ou pardos, apenas 1,4% dos candidatos nas eleições deste ano fazem parte do grupo racial. Um levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) de Brasília mostra que o Paraná é o terceiro Estado brasileiro com mais candidatos brancos, com 82,4% do total. Rio Grande do Sul tem 91,5% e Santa Catarina 90,9% de candidatos que se autodeclaram brancos. Pela primeira vez na história da democracia brasileira existem dados oficiais sobre o perfil racial dos candidatos às eleições federal e estadual.

 
Os candidatos tiveram que se autodeclarar segundo as cinco categorias do IBGE para o quesito raça/cor – branco, preto, pardo, amarelo e indígena. Os dados revelam a diferença entre o perfil étnico-racial dos brasileiros em relação àqueles que buscam representá-los. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a população negra e parda superou a branca em 2010, e a população que se autodeclara branca caiu de 53,7% para 47,7% dos brasileiros.

O Paraná está entre os estados mais desiguais em representatividade étnica-racial, segundo o Inesc. A população tem 29,9% de pardos ou negros, enquanto apenas 17,4% dos candidatos fazem parte do grupo. Nas eleições de 2010, o Paraná não elegeu nenhum deputado negro ou indígena. O único que se autodeclara pardo é o deputado estadual Adelino Ribeiro (PSL), os demais são brancos e dois amarelos. 

A proporção de gênero no Paraná também segue a tendência nacional e, apesar de maioria da população (51,3%), apenas 23,1% dos candidatos são mulheres. Dos 1238 pedidos de candidatura, 1062 foram aprovados pela Justiça Eleitoral. Desse total, 285 candidaturas de mulheres foram deferidas. São 82 candidatas a deputadas federais; 207 estaduais; uma candidata ao governo do Paraná e nenhuma ao Senado. A distribuição por partido, em geral, acompanha esse expressivo desequilíbrio; a maior parte dos partidos apenas cumpre a definição legal de cotas mínimas de 30% para mulheres.

A legislação assegura a reserva mínima de 30% e máxima 70%, para cada gênero, do número de candidaturas a que os partidos políticos. Na Assembleia Legislativa, apenas oito mulheres figuram entre os 46 deputados homens. Dos 30 deputados federais, as duas únicas mulheres disputam a vaga de vice governadora nas eleições deste ano. Cida Borghetti (Pros), na chapa do governador Beto Richa (PSDB) e Rosane Ferreira (PV), vice do senador Roberto Requião (PMDB). À presidência da República são três mulheres, uma delas se autodeclara negra.

Nas eleições deste ano, 32 partidos disputam vagas em 12 cargos em todo o país – entre principais, vices e suplentes, somando 25.919 candidatos. Apesar de representarem 51,04% da população brasileira total, as candidatas mulheres correspondem a menos de um terço do total. São 8.008 (30,90%) mulheres, e 17.911 (69,10%) homens. 

Fonte: Bem Paraná, 28 de Setembro de 2014