Quatro partidos da base governista fecharam apoio à derrubada da denúncia contra Michel Temer e determinaram que os 185 deputados de suas bancadas votem a favor do presidente na Câmara - número que seria suficiente para barrar a abertura de um processo criminal. 

PMDB, PP, PR e PSD aprovaram o fechamento de questão a favor de Temer, o que, em tese, obriga seus parlamentares a votarem de acordo com a orientação da cúpula partidária. O presidente precisa do apoio de 172 deputados no plenário para que a denúncia seja rejeitada, e as bancadas dessas siglas superam esse número. 

O governo articulou essas decisões para tentar estimular a presença dos parlamentares da base aliada no plenário na sexta-feira (14), quando o Palácio do Planalto gostaria de votar a denúncia em plenário. O quórum nessa data é considerado incerto, uma vez que as sextas-feiras são tradicionalmente esvaziadas na Câmara. 

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já indicou a aliados que só deve abrir a votação se houver pelo menos 342 deputados no plenário. A oposição não pretende marcar presença até que esse quorum seja atingido, a fim de provocar o adiamento do processo e prolongar o desgaste de Temer. 

Apesar do movimento em bloco a favor do presidente, as lideranças desses partidos devem enfrentar traições, devido a divisões internas e ao posicionamento de alguns parlamentares pela aprovação da denúncia. 

O caso mais emblemático é o do deputado Sérgio Zveiter (RJ), que é do PMDB de Temer, mas apresentou um parecer em que recomenda que a Câmara aprove o prosseguimento da denúncia contra o presidente. O futuro dele no partido é incerto.

"O PMDB terá clareza nas suas posições e vai cobrar clareza e firmeza também dos seus parlamentares. Aqueles que se sentirem incomodados estão à vontade para mudar de partido", disse o presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), em entrevista após a reunião em que foi definido o fechamento de questão. 

No PSD, deputados estimam que apenas dois terços dos parlamentares devem apoiar Temer. Há risco de que o restante vote contra o presidente. 

O chamado fechamento de questão também deve ter efeitos pouco objetivos para a maior parte dos parlamentares dessas siglas. Apenas o PMDB estabeleceu o afastamento dos deputados que descumprirem a orientação do partido. As outras três legendas afirmam que qualquer punição só será definida depois da votação.

                         

SERRAGLIO 

O governo fez novas substituições na CCJ às vésperas da votação da denúncia que pode afastar Michel Temer do poder. O PMDB retirou da comissão inclusive o deputado Osmar Serraglio (PR), que foi ministro da Justiça do presidente por pouco mais de dois meses. O PMDB decidiu trocar Serraglio pelo deputado Darcisio Perondi (RS), um dos principais integrantes da tropa de choque de Temer na Câmara. Os peemedebistas também substituíram a deputada Soraya Santos (RJ) pelo deputado Hildo Rocha (MA). Tanto Serraglio quanto Soraya passaram a ocupar vagas de suplentes na comissão.

                                     

Fonte: Folha de Londrina, 13 de julho de 2017