Por Aluísio Arruda*

 
Ao final de noite de comemoração fria, foi aprovada em 1º turno a Reforma da Previdência.
Como demonstrada em todas as pesquisas desde a primeira tentativa frustrada do governo Temer, prejudicados foramos trabalhadores, os milhões de desempregados e outros ainda mais numerosos que vivem do subemprego, as mulheres, mas principalmente a juventude, que terão grande dificuldade para se aposentar.

Diferente de outras grandes votações no Congresso, a exemplo do fim da ditadura, da Constituinte Cidadã de 1988, ao invés da euforia, da alegria geral, de discursos inflamados pela vitória, dos estalidos dos foguetes, das carreatas, grandes manifestações nas ruas, nos bares, o que o povo brasileiro, em sua maioria estarrecidos, assistiu foi o Congresso cercado por policiais ao invés de povo. Uma vitória sem graça, com alguns deputados com mãos trêmulas segurando bandeirinhas, sem discursos, a não ser do presidente da Casa armado de artigos de notórios traidores dos interesses populares, emocionado por ter conseguido a façanha de reunir votos dos representantes do mercado, dos bancos, das elites das cidades e do campo reunidos no chamado Centrão e nos partidos de direita, contra a maioria dos brasileiros.

A vitória acanhada e pouco festiva pode ser comparada à vitória de Pirro que, apesar de vitorioso via seu exército destroçado, ou como Judas com 30 moedas, porém envergonhado, a exemplo da maioria dos deputados que se venderam através da velha política de liberação de milhões em emendas parlamentares, mesmo sabendo que essa reforma, ou melhor deforma da Previdência, assim com a trabalhista que foi um engodo, não garantirá a retomada do desenvolvimento do Brasil, nem tampouco a solução para os milhões de desempregados.

Os únicos felizes que devem ter ido dormir empanturrados de iguarias, vinhos, whisky ou champanhe francesa, foram os banqueiros, os rentistas e agiotas que veem garantido o recebimento dos seus juros exorbitantes, assim como grandes empresários, magnatas e também Bolsonaro e sua gang.

Quanto aos trabalhadores, os médios, pequenos, pobres, aposentados e principalmente a juventude, sobram-lhes a incerteza, o desalento, as perspectivas sombrias, para não dizer macabras, como ocorre nos países que se aventuraram pelo mesmo caminho das reformas neoliberais, das privatizações, do assalto aos direitos, da entrega das riquezas da pátria.

Saibam traidores do povo, vendilhões, que após a noite tenebrosa haverá o amanhã, e que após derrotas virão grande vitórias como foram contra os 21 anos de ditadura militar e tantas outras. Podem estar certos que jamais os injustiçados e seus bravos líderes, mesmo esfarrapados, retalhados ou mutilados, estarão firmes nas batalhas que virão, porque estão convictos de estarem do lado certo, da verdadeira justiça e certeza absoluta da vitória final.



*Aluisio Arruda é jornalista, arquiteto e urbanista.

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