ATUAÇÃO CONJUNTA

Procuradores da República que integram a chamada força-tarefa da “lava jato” agiram para proteger o então juiz Sergio Moro e evitar que conflitos entre ele e o Supremo Tribunal Federal dificultassem o andamento da operação, revelou o jornal Folha de S.Paulo, em parceria com o site The Intercept Brasil, neste domingo (23/7).

Sergio Moro temia perder processos da "lava jato" para o Supremo
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Após Moro ser repreendido pelo ministro Teori Zavascki por ter divulgado conversas telefônicas do ex-presidente Lula, a Polícia Federal, em abril de 2016, anexou documentos sigilosos da Odebrecht a um processo da “lava jato” sem preservar seu sigilo. Com receio de que o processo fosse desmembrado, Moro, no dia seguinte, enviou mensagem ao procurador Deltan Dallagnol reclamando do fato.

"Tremenda bola nas costas da Pf", disse. "E vai parecer afronta", apontou, referindo-se à reação que esperava do Supremo.

O então juiz disse que teria que enviar ao STF pelo menos um dos inquéritos que investigava o marqueteiro João Santana. Dallagnol respondeu que tinha falado com a Procuradoria-Geral da República e sugeriu que o juiz enviasse outro inquérito à corte, com foco na Odebrecht.

Mais tarde, o integrante do Ministério Público Federal retomou o assunto com Moro e disse que a PF não tinha agido de má-fé. "Continua sendo lambança", respondeu o juiz, no Telegram. "Não pode cometer esse tipo de erro agora."

Dallagnol então buscou encorajar Moro e prometeu que o MPF o defenderia. "Saiba não só que a imensa maioria da sociedade está com Vc, mas que nós faremos tudo o que for necessário para defender Vc de injustas acusações", escreveu.

Em resposta, Moro destacou que temia ser processado pelo Conselho Nacional de Justiça e informou que mandaria para o Supremo os três principais processos que envolviam a Odebrecht, inclusive os que a força-tarefa tinha sugerido manter em Curitiba.

O procurador então garantiu que iria falar com o representante do MPF no CNJ e sugeriu que tentaria apressar uma das denúncias que a força-tarefa estava preparando. Isso permitiria que o caso fosse encaminhado ao STF já com os acusados e crimes definidos na denúncia.

Revista Consultor Jurídico