Falar em “nova política” ou “velha política” associando ou relacionado o termo somente a políticos experientes ou a desvios de conduta no mandato eletivo, é ignorar que a política é o único mecanismo para a construção do convício social minimamente harmônico diante de tamanhas distorções existentes no tecido social. Nesse contexto temos a “nova política” com “novos políticos”.

André Santos*

Em entrevista recente, a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) afirmou que não existe “nova e velha política”, existe a “política boa e a ruim”. Tal certeza ou afirmação não é exclusividade da parlamentar, mas de vários deputados calouros que chegaram à “Casa do Povo” ansiosos por mudanças nas práticas políticas e no cotidiano parlamentar.

Mas, em pouco tempo, boa parte dos calouros eleitos para a 56º legislatura da Câmara Federal foram atingidos por nova percepção do “fazer política”. E, características ímpares e convicções ideológicas firmes são alteradas a cada dia em razão da realidade política, arte da negociação permanente, que conduz ao patamar de destaque e de respeito entre os deputados.

No último pleito, chegaram a Câmara dos Deputados figuras já conhecidas de toda a sociedade, seja como ator, youtuber, ou de alguma forma, ativista nas redes sociais.

E boa parte dos parlamentares neófitos se utilizaram do discurso da nova política para conquistar o eleitor e garantir sua eleição ao Parlamento. Ao serem eleitos, se depararam com a complexidade do sistema político-partidário, dos regimentos internos das casas legislativas — Câmara dos Deputados e Senado —, e, também, do Congresso. E, por fim, das disputas internas entre os partido, por postos de comando nas casas legislativas. E externas — relativas à cobrança dos eleitores e da imprensa.

Avançar em meio à essa complexidade política e, também, técnica, no interior das instituições, requer habilidades que nem sempre estão disponíveis. Nesse contexto, a lista elaborada pelo DIAP, que identifica os parlamentares que exercem influência no processo decisório expõe, a partir de critérios objetivos, os parlamentares que fazem a “boa política” e utilizam os mandatos de forma ampla com objetivo de influenciar nas decisões e formulações de políticas públicas.

Em 2019, a chegada de novos integrantes à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal, que nunca exerceram mandatos eletivos, deixou claro a capacidade de renovação da política e apresenta características necessárias para se fazer política em meio aos fenômenos políticos criados pelas redes sociais e também em relação à complexidade das disputas políticas.

Nomes como de Kim Kataguiri (DEM-SP), Marcel Van Hattem (Novo-RS), Tabata do Amaral (PDT-SP), são exemplos de renovação associada a atuação no Parlamento, cada um com suas características ideológicas e de comunicação própria com seus eleitores.

Outro grupo novato na Câmara Federal traz a experiência das assembleias legislativas em seus estados. Neste quesito, destacam-se os deputados Silvio Costa Filho (PRB-PE) e Filipe Franchisquini (PSL-PR), ambos filhos de ex-deputados federais.

Falar em “nova política” ou “velha política” associando ou relacionado o termo somente a políticos experientes ou a desvios de conduta no mandato eletivo, é ignorar que a política é o único mecanismo para a construção do convício social minimamente harmônico diante de tamanhas distorções existentes no tecido social. Nesse contexto temos a “nova política” com “novos políticos”.

(*) Sócio-diretor da consultora Contatos Assessoria Política. É analista político do Diap e especialista em Política e Representação Parlamentar pelo Centro de Formação da Câmara dos Deputados (Cfor)

Diap