Sem colete à prova de bala O tumulto que selou a oitiva do ministro Paulo Guedes (Economia) na Câmara, nesta quarta (3), coroou estratégia de líderes do centrão de demonstrar ao governo a falta que faz uma tropa de choque. Deputados experientes que assistiram à sessão de camarote apontam ao menos um erro crasso do PSL: devia ter exigido que as perguntas de opositores fossem intercaladas com as de aliados. Sem isso, Guedes foi alvo de inquisição incessante nas primeiras horas, fazendo a Bolsa de Valores fechar em queda.

Dente de leite Parlamentares também avaliam que o ministro pagou o preço pela inexperiência de quadros do PSL. Integrantes da equipe econômica chegaram a questionar o motivo de a lista de inscritos começar só com nomes da oposição, mas o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Felipe Francischini, 27, disse que nada podia fazer.

Levanta e anda Quando Guedes e o deputado Zeca Dirceu (PT-SP) trocaram agressões verbais, coube à assessora especial do ministro, Daniella Marques, pressionar Francischini para encerrar a sessão dizendo a ele que “nada sobre constitucionalidade estava sendo debatido ali”. A conversa vazou no microfone.

Ossos do ofício Aliados de Francischini dizem que ele fez o que podia para controlar a situação e que os críticos estão é com inveja da posição que ele conquistou.

Pollyanna Pessoas próximas a Guedes dizem que, apesar da discussão, o saldo foi positivo e serviu para unir um grupo em torno do ministro, que foi escoltado até a saída da Câmara e defendido por nomes do MDB e do PSD quando o caldo já havia entornado.

Prevenir Deputados do Rio defendem a formação de uma frente suprapartidária para acompanhar os desdobramentos do processo de impeachment de Marcelo Crivella (PRB). “Temos todos, do PSOL ao PSL, a responsabilidade de construir um consenso para garantir que, caso o processo vá adiante, haja nova eleição”, diz Pedro Paulo (DEM-RJ).

Panela de pressão O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Alceu Moreira (MDB-RS), avisou à ministra Tereza Cristina (Agricultura) que está cada vez mais difícil conter o ímpeto de seu grupo de atacar o Planalto.

Meu veredito O presidente do Supremo, Dias Toffoli, deve formalizar nesta quinta (4) a decisão de adiar o julgamento de ação sobre a prisão após condenação em segunda instância. A pessoas próximas, ele indicou que não vai estabelecer, já, nova data para levar o caso ao plenário.

Pedra no caminho Integrantes do STJ avaliam que o Supremo só vai tratar da prisão em segunda instância depois que eles julgarem o recurso do ex-presidente Lula contra a condenação no caso do tríplex. Até que isso ocorra, dizem, o debate fica fulanizado.

Sem perdão A família de Lula estuda entrar na Justiça contra o Hospital Bartira pelo vazamento do boletim médico de Arthur, o neto de sete anos do ex-presidente que morreu em março. Além de tudo, odiagnóstico estava errado, como mostrou a Folha.

Vai vendo Deputados ligados ao movimento estudantil dizem que Ricardo Vélez (Educação) brinca com fogo ao anunciar uma intervenção no material didático para fazer revisionismo da ditadura. Ex-membros da equipe dele no MEC classificaram a medida como uma tentativa desesperada de se manter no posto.

Pelas costas As críticas de Olavo de Carvalho a militares que atuam no Planalto dividem o PSL. “Amigos e gurus de verdade falam diretamente com o presidente ou com sua equipe. Não usam as redes para enfraquecer o governo e as relações entre seus membros”, disse Carla Zambelli (PSL-SP).

Visita à Folha Willian Boulding, reitor da Fuqua School of Business da Duke University, visitou a Folha nesta quarta (3). Estava acompanhado de Erin Medlyn, diretora de relações públicas da entidade, e de Lívia Velasco e André Mascarenhas, assessores de imprensa.


TIROTEIO

Em vez de mudar os livros, a gente deve é trocar o ministro e fazer boa política, porque a que ele faz de fato não é pedagógica

Do senador Rogério Carvalho (PT-SE), após Ricardo Vélez dizer ao Valor que vai mudar os registros sobre a ditadura nos livros didáticos

Folha de S.Paulo