O governo, premido pelo crescente desgaste na base, tenta passar o rolo compressor da reforma trabalhista. A ordem de Temer é não mexer no texto aprovado na Câmara, levando o Senado a abrir mão da sua função revisora.

O senador Eunício Oliveira (PMDB), que preside a Casa, já adiantou que, passada a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), nesta quarta (28), ele tentará aprovar requerimento de urgência, para apressar o voto em plenário.

                                            

Franzin, jornalista da Agência, entrevista Marcos Verlaine, assessor do Diap

                                                            

A Agência Sindical ouviu o jornalista Marcos Verlaine, assessor parlamentar do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). Ele avalia e orienta:

Nosso movimento - “O sindicalismo precisa atuar em sentido contrário à orientação palaciana, para que haja debate e prazos razoáveis na definição do conteúdo da reforma. É momento de conversa com cada membro da CCJ e, na fase seguinte, com todos os senadores”.

Qualidade no diálogo - “Não basta apenas pressionar. O momento pede diálogo qualificado. O senador precisa ouvir nossas razões, sem que não deixemos de ouvir as razões que ele eventualmente apresente”.

Tempo voa - “O governo conta os segundos, especialmente depois da denúncia formal feita contra Temer pelo Procurador-Geral da República. Novas denúncias devem surgir, turvando ainda mais o horizonte de Temer. Sua base aliada pode se dispersar. Daí a urgência com que ele tenta atender ao mercado, que exige reformas neoliberais”.

Mercado - “O mercado não se perde em subjetividades. Quer as reformas e pronto. Ainda vê em Temer o agente capaz de propiciar as mudanças que radicalizam o interesse do capital, em detrimento do trabalho e da própria organização sindical”.

Mãe das reformas - “A trabalhista é a mãe de todas as reformas de conteúdo neoliberal. Ela sintetiza tudo o que havia de propostas na Câmara, para retirar direitos de trabalhadores”.

Desafios - “Independentemente do resultado da votação, o sindicalismo precisa, com urgência, massificar a sindicalização e avançar na formação das instâncias intermediárias das direções. Temos uma cúpula sindical preparada, mas insuficiente para o volume de demandas”.

Mais informações: www.diap.org.br e www.senadorpaim.com.br

                      

Fonte: Agência Sindical, 29 de junho de 2017