Várias lideranças políticas do país estão atônitas com a visita de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos. Numa postura de total submissão, o presidente aceita abrir mãos de vistos aos norte-americanos sem reciprocidade para os brasileiros, faz discursos toscos e piadinhas homofóbicas. Uma postura bem diferente dos presidentes que lhe antecederam nas viagens àquele país.

Por Iram Alfaia
 

Isac Nóbrega
 Jair Bolsonaro desembarca na Base Aérea de Andrews. Jair Bolsonaro desembarca na Base Aérea de Andrews.
A líder da Minoria na Câmara dos Deputados, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), diz que o sentimento é de vergonha pela “absoluta subserviência e deslumbre infantil” que a comitiva brasileira demonstra nos Estados Unidos. 

“Um presidente que chega sem proposta, sem discurso e fazendo um discurso ideológico idiota, de confronto com o comunismo, socialismo, confronto com ideologias de gênero, com piadinhas sobre homofobia e colocando o Brasil à venda, sem nenhum projeto concreto”, diz a parlamentar.

Num encontro com investidores, Bolsonaro falou de improviso dizendo que “a grande transformação do Brasil vem pelas mãos de Deus”. Criticou os governos petistas e falou que quando conheceu Paulo Guedes (ministro da Economia) foi “basicamente um amor à primeira vista”. E completou: “Na questão econômica, obviamente”.

Feghali lembrou que nos governos anteriores, sejam eles do PSDB ou do PT, haviam viagens com projetos e algum nível de respeito. “No período de Lula o Obama o chamou de o cara. Lula chegou lá com altivez”.

Para a líder, Bolsonaro usou o verbo descontruir e não de construção pelos interesses do Brasil. “Colocou aberto a biodiversidade na Amazônia, à venda de nossas riquezas naturais e não reciprocidade numa questão básica que é o visto para viagem”, disse a deputada.

Numa total subserviência, segundo ela, Bolsonaro reforçou a ideia de intervenção e não autodeterminação dos povos como é o caso da Venezuela, ajudou na deportação dos brasileiros com alguma ilegalidade naquele país, a política antiimingrante e abriu o território brasileiro para os norte-americanos como no caso da Base de Alcântara, no Maranhão.

Base de Alcântara

No caso de Alcântara, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) diz que a decisão vai colocar em risco a soberania brasileira e a continuidade do Programa Espacial Brasileiro. “Inacreditável a superveniência desse governo aos americanos”, disse.

“O Brasil está sendo exposto ao ridículo nos EUA, com repercussões em todo o mundo. Um presidente que se excede em vassalagem, ausência de autoestima nacional, patetices, bizarrices. Um festival de absurdos”, criticou o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA).

Sobre o Centro de Lançamentos de Alcântara (CLA), Márcio Jerry disse que no acordo anterior existia uma cláusula que previa a expansão da área no entorno do Centro. “Isso é inadmissível. Não vamos admitir que se adentre ainda mais no território quilombola que está no entorno do centro de lançamento”, afirmou.

Comportamento vexatório

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), lembrou que a o canal de tevê norte-americano Fox News destacou o comportamento homofóbico vexatório de Bolsonaro e ligação da família dele com milicianos e assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes.

“Vai ser difícil comentar todas as besteiras que Bolsonaro está fazendo e falando nos EUA. Caramba, que vergonha tanto despreparo e tanta vontade de entregar o Brasil para os americanos”, disse o líder do PDT na Câmara dos Deputados, André Figueiredo (CE).
Vermelho