Vaidade, meu pecado favorito Juízes federais, dirigentes de associações de magistrados e ministros do Supremo avaliam que, ainda que Sergio Moro rejeite o convite para ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PSL), ele já meteu os pés pelas mãos ao 1) sinalizar que considera a proposta e 2) se dispor a viajar para falar com o presidente eleito. O aceno de Moro pegou colegas do primeiro grau de surpresa e indignou membros de cortes superiores. O simples aceno ao cargo, dizem, deveria forçá-lo a abrir mão de diversos casos.

Que é isso, companheiro? Colegas do juiz símbolo da Lava Jato temem prejuízos não só a ele, mas a toda a categoria. Eles acreditam que uma eventual composição entre Moro e Bolsonaro vai desencadear questionamentos às decisões do juiz de Curitiba e também de todos os colegas que se projetaram com o combate à corrupção.

Passo em falso Um ministro do Supremo diz que, só de se aproximar de Bolsonaro, Moro vai reforçar a ideia de que Lula é um preso político e alimentar as acusações de que atuou por motivações pessoais e de que deveria ter se declarado suspeito de julgar o ex-presidente.

Com quem andas A despeito de decisões de Moro questionadas pela defesa de Lula ou mesmo revistas por cortes superiores, o presidente eleito, com quem ele deve conversar nesta quinta (1º), pregou que o ex-presidente apodrecesse na cadeia, que era preciso varrer a bandidagem vermelha e também “fuzilar a petralhada”.

Obrigada A defesa do ex-presidente Lula pediu a nulidade dos processos conduzidos por Moro. Nesta quarta (31), os advogados apresentaram alegações finais no caso sobre o terreno do instituto que leva o nome do petista.

Obrigada 2 A avaliação é a de que, ao aceitar um encontro com Bolsonaro, Moro “escancarou que tem atuado como agente político”.

Curriculum Delegados da PF estão animados com a hipótese de trabalhar com Moro. Eles já começaram a pesquisar falas do magistrado sobre temas caros à categoria. O juiz disse, por exemplo, ser a favor da instituição de um mandato para a direção-geral da corporação, mas não declarou se a escolha se daria por meio de lista tríplice.

Aqui não O presidente Michel Temer procurou Eunício Oliveira (MDB-CE), que comanda o Senado, e o sondou a respeito da possibilidade de votar a reforma da Previdência. Resposta: “Não mande. Eu nem pauto”.

Bônus João Campos (PRB-GO) ganhou força na disputa pela presidência da Câmara. Aliados de Rodrigo Maia (DEM-RJ) dizem que ele é o nome do presidente eleito, por ser delegado e pastor –integrante, portanto, das frentes evangélica e da segurança, base do governo Bolsonaro.

Radical livre Maia teve diversas reuniões com aliados nos últimos dias. O número de dirigentes de partidos que o apoiam e o aconselharam a manter posição de independência em relação ao presidente eleito cresceu.

Peneira Dos 25 nomes entregues pelo grupo militar que atua na elaboração de propostas para o governo de Bolsonaro, apenas oito estão na lista oficial de integrantes do grupo de transição.

Peneira 2 Os demais, como o general Ferreira, vão atuar como voluntários, ou seja, sem remuneração. A ideia da equipe do presidente eleito é ter cerca de 100 pessoas ajudando extraoficialmente.

Fundo da gaveta Caducou em agosto no STF recurso do Ministério Público Militar para seguir com investigação sobre Marcos Pontes, alçado por Bolsonaro ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Ele era suspeito de ter faturado com venda de produtos e palestras enquanto era oficial da ativa da Aeronáutica.

Midas Raquel Dodge, procuradora-geral da República, teve papel de proa na escolha de Fabiana Costa Barreto como nova chefe do Ministério Público do DF e Territórios.

Fonte: Folha de S.Paulo, 5 de novembro de 2018.