Se encerrou o período presidencial de Jair Messias Bolsonaro, que não ouso chamar de governo, salvo se a esta designação se acrescentar o adjetivo desastroso. Afinal, não foi por imperícia ou desmandos, mas tal epíteto se deve ao fato de ter sido governo com o propósito de desmontar o Estado nacional, de modo a fragilizar as instituições e se recusar a dar continuidade às políticas públicas especialmente as voltadas para as áreas sociais e culturais, inteiramente abandonadas.

Lincoln Penna*

lincoln penna

Afora o término desse projeto antidemocrático e avesso aos princípios republicanos, acresce o fato de ele, Bolsonaro, alardear o incontido desejo de promover o golpe, saudosista do regime ditatorial e de suas práticas de lesa humanidade.

É conhecida a frase que verbalizou não faz tanto tempo assim, ao dizer: “Ao invés de torturar deveriam matar”, referindo-se aos presos políticos. Afinal, a candidatura dele foi o resultado de pressão dos herdeiros da turma mais nefasta da repressão que vitimou inúmeros patriotas.

Com a eleição de Lula, renasceram as esperanças e a convicção de que as forças políticas e sociais que deram apoio e participação à eleição dele saberão enfrentar a dura realidade que se apresenta ao País. O Lula renovado, pleno de entusiasmo e determinação, tem tudo para dar início satisfatório em seu terceiro governo presidencial.

Terá, contudo, de contar com o povo consciente da realidade difícil que terá pela frente e para isso somar-se ao governo popular e democrático que se inicia com a posse em 1º de janeiro de 2023.

Todavia, não basta a consciência. É preciso organização e mobilização constante, e é isso que dará cobertura às ações mais propositivas e estruturantes do novo governo.

Que todas as brasileiras e brasileiros se unam num movimento cívico e plural, capaz de dar o suporte tão necessário a quem representa a restauração da democracia na perspectiva de praticá-la e levá-las as novas e imprescindíveis conquistas para a sociedade que todos sonhamos, que para ser justa tem de ser igualitária.

Força Lula! Que a nova passagem no exercício do Poder Executivo da Nação brasileira reforce os compromissos dele com as demandas reprimidas de amplas parcelas do nosso povo tão secundarizado ao longo de nossa história. Sua trajetória é comprovação do acerto do eleitorado que o fez retornar à Presidência da República.

(*) Doutor em história social, conferencista honorário do Real Gabinete Português de Leitura, professor aposentado da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

DIAP

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