Mais cedo, presidente eleito questionou 'por que as pessoas são levadas a sofrer para garantir estabilidade fiscal'. No fechamento do dia, dólar subiu mais de 4%, a maior alta diária desde março de 2020.

Por Pedro Henrique Gomes, g1 — Brasília

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), comentou no fim da tarde desta quinta-feira (10) a repercussão sobre uma fala dele de mais cedo, quando disse que estabilidade fiscal não pode ser conquistada à custa do sofrimento das pessoas. Para Lula, o "mercado fica nervoso à toa".

Lula visitou pela primeira vez, após ganhar a eleição, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição.

No início da tarde, ele fez um longo pronunciamento, no qual chegou a se emocionar ao relatar que não esperava ver a volta da fome no país.

Na mesma fala, Lula questionou: "Por que as pessoas são levadas a sofrer por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso fazer teto de gasto? Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social deste país?".

No mercado financeiro, o dólar fechou com alta de mais de 4%, a maior para um dia desde março de 2020, e analistas apontaram que um dos fatores foi a declaração do presidente eleito.

No CCBB, Lula foi questionado sobre a reação do mercado.

"O mercado fica nervoso à toa. Eu nunca vi um mercado tão sensível como o nosso", respondeu o presidente

PEC da Transição

Lula também foi questionado sobre as negociações da proposta de emenda à Constituição chamada de PEC da Transição.

A PEC ainda não foi apresentada, mas vem sendo cogitada pela equipe de Lula como a principal alternativa para abrir espaço fiscal e garantir a continuidade do Auxílio Brasil (futuro Bolsa Família) de R$ 600 por mês em 2023.

"Eu não sei [quando será apresentada]. Eu não estou negociando. Quem está negociando é o Alckmin e o Aloizio Mercadante", respondeu Lula.

Após deixar o CCBB, o presidente se dirigiu ao hotel que está hospedado em Brasília. De lá, ele segue para o aeroporto, e volta para São Paulo ainda nesta quinta.

G1

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