Por Ana Conceição, Valor — São Paulo

A ocupação cresceu acima do avanço da força de trabalho no segundo trimestre, mas a capacidade de absorção do mercado é limitada e, neste sentido, a taxa de desemprego deve seguir alta, avalia Helcio Takeda, diretor de pesquisa econômica da Pezco Economics.

A casa estima taxa média de desemprego de 14,5% em 2021 e de 14,2% no fim do ano. Hoje, o IBGE informou que o desemprego ficou em 14,1% da força de trabalho no segundo trimestre, queda de 0,6 ponto percentual na comparação com o primeiro, mas ainda 0,8 ponto acima da mesma época do ano passado.

“Apesar de acreditarmos que há espaço para aumento da população ocupada, nossa premissa é que a capacidade de absorção dessa massa de pessoas vai ser limitada. Estamos incorporando os desafios [à atividade] da questão energética e ausência de drivers importantes para sustentar o crescimento [da ocupação]”, afirma Takeda.

O cenário base da Pezco não contempla racionamento de energia, mas prevê que medidas de precaução sejam adotadas. Isso terá algum custo, tanto do ponto de vista de inflação, com aumento na bandeira vermelha e nos custos de produção e das famílias, quanto da atividade. “Essa pressão deve limitar a expansão da economia principalmente em 2022”, diz.

No mercado de trabalho, é esperado que o avanço da vacinação e o aumento da mobilidade incentive mais pessoas a voltar a buscar uma ocupação. A taxa de participação — que mede a proporção de pessoas em idade de trabalhar que estão no mercado - cresceu para 57,7% no segundo trimestre, mas ainda está bem abaixo do pré-pandemia, quando chegava perto de 62%. A expectativa é que essa taxa cresça.

No segundo trimestre, a retomada gradual das atividades favoreceu uma melhora marginal no mercado de trabalho, com a ocupação ficando acima do crescimento da força de trabalho, firma Takeda. “A ocupação ainda está muito fundamentada na informalidade”, observa o economista, chamando atenção também para o aumento de mais de 600 mil vagas de trabalho formal.

“Tendo a acreditar que à medida que caminhamos para uma normalização, as estatísticas de Caged e Pnad irão dizer a mesma coisa”. Nas últimas divulgações, a Pnad mostrava um mercado formal ainda muito fraco, ao contrário do que indicam os números do Caged, em que pese as diferenças entre os dois.