Por Victor Rezende e Felipe Saturnino, Valor PRO — São Paulo

O tom mais combativo adotado pelo Banco Central na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) deflagrou uma série de revisões de cenário dos agentes do mercado para a trajetória esperada para a taxa básica de juros. Com o apontamento de que pretende levar a Selic para o nível considerado neutro no atual ciclo de alta de juros, houve forte migração das expectativas dos agentes para a taxa em 6,5% no fim do ano, que passou a ser a mediana das projeções. No entanto, boa parte do mercado já trabalha com níveis ainda mais altos para a taxa em 2022.

Em pesquisa do Valor realizada ontem com 75 instituições financeiras e consultorias, 68 acreditam que a Selic terminará este ano em 6,5% ao ano ou acima desse nível. Para efeito comparativo, no levantamento feito antes da reunião do Copom com 104 instituições financeiras, 40 esperavam que a taxa encerrasse o ano em 6,5% ou acima.

“O BC se ajustou ao que se mostrou ser realidade: a inflação está mais pressionada, o processo de vacinação deve acelerar e, assim, a demanda reprimida deve começar a se soltar. Assim, o setor de serviços pode começar a se recuperar”, afirma a economista-chefe da Azimut Brasil, Helena Veronese, que elevou sua projeção para a Selic no fim do ano de 5,5% para 6,5%.