O presidente Michel Temer enfrentará dificuldades para aprovar no Congresso o aumento do rombo nos Orçamentos de 2017 e 2018 para R$ 159 bilhões. O governo tem contra si a insatisfação dos aliados na CMO (Comissão Mista de Orçamento), onde começa a tramitar a proposta de revisão da meta fiscal.

Os membros do colegiado estão irritados por causa da série de vetos do presidente à LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2018, aprovada antes do recesso de julho.

"Um governo arrogante e prepotente é sinônimo de governo fracassado. A ideia não é retaliar. Mas não há como negar que esta atitude insensível, para não dizer irresponsável do governo, criou conflito desnecessário", disse o senador Dário Berger (PMDB-SC), presidente da comissão.

                         

                      

Foram vetados, por exemplo, trechos que incluíam no rol de prioridades o Plano Nacional de Educação e a conclusão de obras inacabadas. Outro ponto barrado obrigava o governo a reduzir incentivos e benefícios tributários, financeiros e creditícios.

Embora muitos parlamentares tenham defendido uma meta maior para acomodar gastos antes das eleições de 2018, eles agora querem criar dificuldades para conseguir mais espaço no governo.

Aliados dizem que Temer pagará um preço alto, visto que gastou todo o seu capital político para se salvar na votação que barrou a denúncia de corrupção e, agora ficou sem espaço para oferecer mais aos parlamentares que buscam cargos e verbas para seus redutos eleitorais.

A cobrança, no entanto, continua. "Não reorganizar a Esplanada dos Ministérios poderá ser fatal", disse o deputado Rogério Rosso (PSD-DF).

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), crítico da ampliação do rombo, defendeu as medidas de ajuste: "Precisamos trabalhar os deputados mostrando a importância das matérias".

"É natural que haja resistências nesse debate, e foi assim em outros governos, mas temos certeza de que teremos votos suficientes para colocar as contas em ordem", disse o líder do governo no Congresso, André Moura (PSC-SE).

A equipe econômica quer endurecer o discurso com o Congresso. Dirá que, sem a expansão do deficit, serviços serão cortados, e emendas parlamentares, congeladas.

Fazenda e Planejamento tratam a ameaça de travar a alteração da meta fiscal como bravata e dizem ter certeza de que ela será aprovada, pois os parlamentares não gostariam de arcar com o ônus de paralisar o governo.  

                               

Fonte: Folha de São Paulo, 17 de agosto de 2017