Terminou em protesto contra a reforma trabalhista a audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) marcada, inicialmente, para tratar da aposentadoria especial para os profissionais da enfermagem. A reunião, que teve início na manhã desta segunda-feira (10), foi retomada durante a noite em vigília convocada pelo vice-presidente da comissão, senador Paulo Paim (PT-RS).

A exemplo do que ocorreu pela manhã, a indignação com a reforma trabalhista voltou a dominar a audiência na CDH. Os participantes destacaram que o projeto do governo representa um massacre aos direitos dos trabalhadores e afirmaram que irão às ruas para não permitir que a proposta (PLC 38/2017) seja votada em Plenário nesta terça-feira (11).

- Eu vou à luta, vou para as ruas, mas não vou permitir que nós, trabalhadores do Brasil, paguemos a conta – disse Ednilson Mira dos Santos, técnico de enfermagem do sistema sócio-educativo do Distrito Federal.

Representando a Nova Central dos Trabalhadores, Moacyr Roberto, destacou que os trabalhadores estão sendo alvo dos piores ataques possíveis e lamentou que o governo leve adiante a votação da reforma trabalhista mesmo com pesquisas revelando que 95% da população brasileira são contra as reformas propostas pelo Executivo.

- Não tenho saudade e não reverencio os militares, mas nem os militares tiveram a coragem de fazer o que esse governo tem feito contra os trabalhadores. Não tiveram coragem de desmontar a estrutura sindical e tão pouco tirar o direito que os trabalhadores tinham – disse.

A senadora Regina Sousa (PT-PI) disse que a reforma pretende fragilizar a Justiça do Trabalho, enfraquecer os sindicatos e “matar” os trabalhadores. A senadora pediu o apoio dos trabalhadores para protestarem contra a votação da reforma nesta terça-feira.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) se mostrou indignado com o fato de o Senado votar a reforma, enquanto a Câmara decide se autoriza o prosseguimento da denúncia do Ministério Público contra o presidente Michel Temer por crime de corrupção passiva. Segundo ele, em um momento de crise econômica, a intenção do projeto é fazer com que empresários aumentem a margem de exploração e paguem menos para os trabalhadores.

- Amanhã [terça-feira, 1] vamos lutar muito para que a reforma não seja votada. Isso é um pacote de maldades. Nunca vi um projeto tão devastador para o trabalhador como esse – afirmou.

Paulo Paim disse que está no Parlamento há 32 anos e nunca vivenciou uma situação de tanta maldade contra o povo brasileiro.  O senador disse estar torcendo para que o Senado não se acovarde durante a votação do projeto.

- Que eles não botem o Senado de joelhos para o Executivo. Que o Senado defenda uma proposta de bom senso e não essa proposta monstruosa que acaba com todo direito dos trabalhadores – disse.

Delaíde Alves Miranda Arantes, ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), afirmou que a reforma fará com que o país regrida para o século 19 já que permite, inclusive, a contratação de trabalhadores em situação análoga a de escravos.

- Temos exemplos de vários países do mundo que fizeram reformas similares a essa do Brasil e que milhões de trabalhadores estão em situação precária – disse.

                            

Fonte: Agência Senado, 11 de julho de 2017