Por G1 Piracicaba e Região

A Brasilit criou um sitepara que os ex-funcionários que trabalharam até 2002 em todas as unidades da empresa no país se cadastrem para passar por exames periódicos. O oferecimento dos exames é parte do acordo firmado com o Ministério Público do Trabalho (MPT) para encerrar ações judiciais que tramitavam na 8ª Vara do Trabalho de Campinas (SP).

Até 2002, a Brasilit usou amianto, substância tóxica e cancerígena, como matéria-prima. O acordo dizia respeito à unidade da empresa em Capivari (SP). Segundo o MPT, a própria empresa optou por expandir o cadastramento para as demais cidades onde possui sede.

Com isso, ex-funcionários de Belém (PA), Capivari (SP), Contagem (MG), Esteio (RS), Recife (PE), São Caetano do Sul (SP), São Paulo (SP) e Senador Camará, bairro do Rio de Janeiro, poderão passar pelos exames gratuitos.


Após acordo judicial, Brasilit oferecerá exames a ex-funcionários  — Foto: Reprodução/EPTV

Após acordo judicial, Brasilit oferecerá exames a ex-funcionários — Foto: Reprodução/EPTV

Pelo acordo, o acompanhamento por exame ocorrerá a cada três anos para trabalhadores que atuaram na Brasilit de zero a 12 anos; a cada dois anos para aqueles que trabalharam de 12 a 20 anos; e anualmente para quem trabalhou acima de 20 anos.

"A empresa deve informar aos trabalhadores sobre os resultados dos exames, entregando cópia do laudo médico e dando o devido encaminhamento para tratamento. O website ficará ativo até o ano de 2032", informou o MPT.

O cadastramento vale para trabalhadores que atuaram até 2002 na Brasilit, ano em que a empresa deixou de usar amianto na produção de telhas e de caixas d’água em Capivari. Para fazer o cadastro, os trabalhadores devem acessar o site e preencher um questionário.

Acordo judicial

O acordo foi homologado pela Justiça do Trabalho em 31 de maio. Parte dos R$ 25 milhões será utilizada na construção de uma clínica na Santa Casa de Capivari para diagnóstico de doenças relacionadas ao amianto.

Outra parcela do dinheiro fica com os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) de Piracicaba (SP) e outras cidades, que devem utilizá-lo para estruturar a busca de pessoas que trabalharam na unidade fabril da Brasilit.

A meta é identificar possíveis problemas de saúde nesses trabalhadores.

Outra parte do montante vai para a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) comprar equipamentos e capacitar equipes médicas para o diagnóstico e atendimento de doenças relacionadas ao amianto.

Em setembro de 2018, o G1 mostrou que o MPT apurava a contaminação de operários por amianto na fábrica de telhas e de caixas d’água em Capivari. A unidade existe na cidade desde a década de 70 e deixou de usar o amianto no processo produtivo em 2002.

Além das ações coletivas, os trabalhadores ingressaram com ações individuais. Em setembro do ano passado, o MPT estimava que existiam cerca de mil ações, mas o número de pessoas contaminadas pode ser maior. As ações individuais não serão encerradas com o acordo.

G1