Por João Borges e Anna Carolina Papp

Passados quase cinco anos do início da crise que abalou o país, a economia brasileira ainda custa a engrenar – e a recuperação tem sido mais lenta do que o esperado.

O Brasil deve levar sete anos para voltar ao patamar pré-crise – mais do que o dobro da média de outros países que já entraram em recessão.

Segundo levantamento do economista Vitor Vidal Velho, da LCA Consultores, quase 20 trimestres depois do início da recessão, no segundo trimestre de 2014, o Produto Interno Bruto (PIB) ainda está 5,1% abaixo do nível pré-crise. Esse patamar é 11,7 pontos percentuais inferior ao que foi observado ao redor do mundo depois de períodos em que a economia andou para trás.

Na média, depois de uma crise, os países levam três anos para voltar à estaca zero e recuperar o tempo perdido. Mas, segundo o estudo, caso se confirmem as projeções do mercado de crescimento de 1,3% do PIB neste ano – e tomando como base um avanço de 2,5% nos anos seguintes –, o país só voltará ao patamar em que estava antes da recessão em 2021 – sete anos depois.


No gráfico acima, elaborado pelo economista, o ponto 100 representa o pico da atividade econômica imediatamente anterior ao "fundo do poço. Foram contemplados na comparação 91 períodos recessivos ao longo de 22 anos em 41 países, como Chile, Colômbia, África do Sul, Turquia e Japão.

Décadas

O estudo também faz uma análise do ritmo de retomadas econômicas no Brasil em diferentes períodos. O Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace) da FGV, responsável por definir oficialmente o início e o fim de uma recessão, faz a cronologia por trimestres no Brasil desde 1980.

Ao longo dessas quase quatro décadas, o país enfrentou nove períodos de queda do PIB – sendo as menores de dois trimestres e a maior e mais recente, de 11 trimestres.


De acordo com o levantamento da LCA, pode-se observar que, nas últimas décadas, a recuperação do Brasil foi mais rápida. Se no momento atual estamos mais de 5% atrás de onde estávamos antes da crise, na década de 1980, a economia, cinco anos depois de tombar, já havia crescido 2,2%; na década de 90, 9,4%; e na década seguinte, 18%.

Para Vidal, a paralisia atual tem sido mais persistente e difícil de se reverter devido à incerteza política e econômica, ao colapso recente da Argentina – o que afeta as exportações brasileiras – e, sobretudo, à indefinição sobre o avanço das medidas para equalizar as contas públicas, como a reforma da Previdência.

G1