Refúgio e escudo A descrença numa mudança de atitude de Jair Bolsonaro e de parte de seus apoiadores recrudesceu articulações para fortalecer as defesas do Congresso e do Supremo. Num dos braços desse movimento, entidades da sociedade civil se uniram em um manifesto de desagravo ao STF. Subscrevem o documento CNBB, OAB, UNE, CNI e grandes centrais sindicais. O texto diz que países que admitiram retrocessos “começaram suas fatídicas trajetórias atacando o Judiciário de forma desleal e falsa”.

Perfilados O manifesto será lançado na quarta (3). Haverá sessão solene no Supremo. Representantes dessas entidades e políticos irão até a corte.

Todos por um O texto pró-Judiciário condena “ataques autoritários e truculentos contra o guardião da Constituição” e “discursos que pregam o ódio e a violência”. “A Suprema Corte é insubstituível e é dever de todos a sua defesa, pois, sem ela, nenhum cidadão está protegido.”

Pintados para a guerra Movimentos identificados com a direita convocam atos contra o STF para o fim da mesma semana em que o documento será lançado. Há apelo pelo impeachment de ministros e pela”proteção à Lava Jato”.

Ninguém tasca O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está empenhado em fazer com que o Senado mantenha tal como foi aprovado pelos deputados o texto que limita os poderes do Executivo sobre o Orçamento.

Ninguém tasca 2 A senadora Simone Tebet (MDB-MS), por exemplo, havia dito que seria necessário condicionar as mudanças ao teto de gastos. Aliados de Maia garantem que tal previsão já está na medida.

Melhor não Convidado pelo presidente da CCJ a relatar a proposta de reforma da Previdência no colegiado, o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) disse que só poderia aceitar a missão com o respaldo de seu partido. Não houve consenso no PSDB e ele declinou.

Não faça o que falo Desconfiados, economistas fizeram circular nesta sexta (29) texto em que o deputado Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG)fala em “suposto déficit” previdenciário. Ele agora é o relator da reforma na CCJ. A aprovação da comissão é o primeiro teste da medida.

Sentido! A presença de militares na cúpula do Ministério da Educação não vai se limitar à nomeação do secretário-executivo da pasta, o brigadeiro Ricardo Machado Vieira. Um coronel da PM do DF que é juiz militar será indicado à chefia de gabinete do ministro Ricardo Vélez.

Escolta Vieira é contemporâneo do general Santos Cruz e do vice-presidente Hamilton Mourão e é muito próximo de ambos. Sua missão é tirar a pasta da inação e blindar o ministro da influência de discípulos de Olavo de Carvalho.

War O ingresso dos militares no MEC integra movimento para tentar tutelar Vélez e reorganizar as bases da pasta. Mas o objetivo final é mesmo emplacar um novo titular.

Sem cereja do bolo Apesar de terem voltado ao MEC, parte dos olavistas foi rebaixada de função. Murilo Resende, por exemplo, tinha um cargo DAS 5 e agora é DAS 4.

De ouro O ministro Tarcísio Freitas (Infraestrutura) atuou pessoalmente para demover o Tribunal de Contas da União da intenção de barrar o leilão da ferrovia Norte-Sul. “Ele venceu todas”, celebrou o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO).

Se poupe; me poupe A polêmica em torno da ordem de Jair Bolsonaro para que quartéis prestassem as “comemorações devidas” ao golpe de 1964 ampliou o desconforto de militares com a medida. “Não é hora disso”, resumiu um integrante das Forças.

Em (boa) causa própria O Novo tenta convencer a Câmara a aprovar emenda que prevê a possibilidade de legendas devolverem à União recursos do fundo partidário que não forem utilizados. A sigla tem R$ 6,7 milhões parados no caixa. O gesto seria facultativo.


TIROTEIO

Ninguém pode insultar a memória das vítimas de crimes de lesa-humanidade. Nem um presidente democraticamente eleito

De Ivo Herzog, presidente do Conselho do Instituto Vladimir Herzog, sobre a ordem, cassada pela Justiça, de celebração do golpe de 1964

Folha