Após sucesso nas eleições, PSL não conseguiu engordar bancada da forma como previa, mas, com 54 deputados, empata com PT na Câmara

Daniel CarvalhoAngela Boldrini
BRASÍLIA

Impulsionado nas eleições de 2018 pela popularidade de Jair Bolsonaro, o PSL elegeu uma bancada expressiva no ano passado, mas viu frustrada sua expectativa de crescimento no Congresso durante o troca-troca partidário do início de legislatura.

O partido que em outubro passado elegeu três governadores e emplacou 52 deputados federais e quatro senadores ficou quase do mesmo tamanho desde então.

Se o desgaste do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) —por movimentações financeiras suspeitas de funcionários de seu gabinete na Assembleia do Rio— ainda não atingiu diretamente o partido, o mesmo não se pode dizer do esquema de candidaturas de laranjas revelado pela Folha.

​Oficialmente, o PSL tem 54 deputados agora, empatando com o PT como maior bancada da Câmara. Bia Kicis (DF) trocou o PRP pelo PSL. E, com a saída de Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para assumir a Casa Civil do governo Jair Bolsonaro, assumiu o suplente Marcelo Brum (PSL-RS).

Apesar de ainda não constar da listagem oficial da Câmara, integrantes da sigla afirmam que a bancada chegará a 55 deputados —e se tornará a maior— com a mudança do Pastor Gildenemyr (MA), conhecido como Pastor Gil, do PMN para o PSL.

Correligionários do presidente e seus filhos ligados ao partido, o deputado Eduardo Bolsonaro (SP) e o senador Flávio Bolsonaro (RJ), esperavam chegar a 60 no processo de engorda da bancada.

O tamanho das bancadas na Câmara é critério para a distribuição de recursos públicos destinados aos partidos.

No Senado, a sigla manteve os quatro nomes que elegeu. Além de Flávio, Major Olímpio (SP), Selma Arruda (MT) e Soraya Thronicke (MS).

"Tentei falar com parlamentares que estavam migrando, mas eles estavam convictos de ir para a legenda definida. Quando você vai fazer migração, começa a temporada de caça ao deputado e o seu partido promete parcela do fundo partidário, estas coisas. O PSL ofereceu o partido, sem contrapartidas outras", afirmou Olímpio, líder do PSL no Senado e presidente da legenda em São Paulo.

Olímpio disse que um dos que cortejou foi o estreante Styvenson Valentim (RN), que acabou trocando a Rede pelo Podemos. "Só houve convite do PSL antes da campanha, mas não evoluímos nessa conversa", afirmou o senador, que disse ter escolhido o Podemos por motivos como "liberdade plena de pensamento de ação e de decisão".

Das 12 trocas partidárias que ocorreram no Senado, 9 foram antes da posse, em 1º de fevereiro. O partido que mais engordou foi justamente o Podemos, para onde migrou Styvenson.

Segundo a presidente da legenda, Renata Abreu (SP), o partido não quer se identificar como oposição, mas tampouco como base e por isso diz ter procurado parlamentares com perfil de independência.

"Não pode ser uma oposição burra, mas também não pode ser um apertador de botão, tem que ter uma coerência de posicionamento", afirmou.

A sigla encerrou 2018 com 5 senadores e tem hoje 8, empatada com o PSDB como terceira maior bancada da Casa. As duas siglas estão atrás do MDB (13) e do PSD (9).

No entanto, o Podemos pode alcançar a segunda posição, caso se confirmem as filiações de José Antônio Reguffe (sem partido-DF) e Flávio Arns (Rede-PR), o que garantiria um total de 10 senadores.

O crescimento da bancada do Podemos gerou ruído durante a distribuição de vagas nas comissões permanentes do Senado, como a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e a CAE (Comissão de Assuntos Estratégicos).

Os espaços são distribuídos seguindo a regra de proporcionalidade, mas se questionou se seria levado em conta o tamanho das bancadas na posse ou o do momento das discussões. Ficou acordado que o tamanho atual valeria apenas para as comissões temporárias, como as CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito).

Para atuar nas comissões, os partidos se organizaram em blocos: PSDB, PODE e PSL (20 membros); MDB, PP e PRB (20); PDT, PPS, PSB e Rede (13); DEM, PR e PSC (9); PT e PROS (9).

Com as migrações ocorridas entre o final de 2018 e este mês, cinco siglas que tinham senadores ficaram de fora da Casa: PTB (3), PHS (2), PTC (1), PRP (1) e Solidariedade (1).

O MDB, que havia começado o ano com 12 senadores, começou a legislatura com 13, com a entrada de Eduardo Gomes (TO), ex-Solidariedade.

Apesar de ter conseguido eleger Davi Alcolumbre (AP) presidente do Senado —com ajuda da família Bolsonaro e dissidentes do MDB, como Simone Tebet (MS)—, o DEM não trouxe nenhum novo integrante durante o troca-troca partidário e se manteve com 6.

Folha de S.Paulo