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Instinto de sobrevivência O açoite em praça pública de Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral) surpreendeu não só o próprio ministro, antes visto como braço direito de Jair Bolsonaro, mas também nomes do PSL e de siglas da base. Pressionado a pedir demissão, Bebianno disse a pessoas próximas que, na primeira crise, colocaram sua “cabeça na bandeja”. Após o episódio, aliados disseram que a lição que fica é a de que o clã que ocupa o Planalto não hesitará em jogar quem quer que seja aos leões para salvar a própria pele.

Fera ferida Para entender o quilate do aliado que Bolsonaro deixou ao relento: Bebianno assumiu a presidência do PSL durante a campanha de 2018, coordenou os gastos da empreitada rumo ao Planalto, comandou a estratégia jurídica e participou de praticamente todas as decisões estratégicas, como, por exemplo, as de comunicação.

Príncipe Nomes do PSL viram na exposição pública de Bebianno a maior demonstração de ingerência dos filhos do presidente, em especial Carlos, no governo –o que foi interpretado como péssimo sinal.

Batata quente Bebianno passou esta quarta (13) dizendo que se recusava a pedir demissão porque se considerava injustiçado. Ele atribuiu o escândalo de distribuição de recursos eleitorais a candidatas de fachada, revelado pela Folha, ao atual presidente do PSL, Luciano Bivar (PSL-PE). Os dois pararam de se falar.

Recado na caixa postal Bebianno tentou, de novo, fazer contato com Bolsonaro nesta quarta, mas não conseguiu.

Pega a senha Deputados e integrantes do Judiciário lembram que o badalado pacote anticrime do ministro Sergio Moro (Justiça) pode acabar ficando para trás na fila de projetos que tratam de mudanças na lei para fortalecer o combate ao crime.

Tem lastro Esse grupo lembra que a proposta de Alexandre do Moraes, do STF, por exemplo, chegou ao Congresso em maio de 2018.

Tem lastro 2 Entusiastas da prioridade do ministro ressaltam ainda que pesquisa recente da AMB mostrou amplo apoio a uma das sugestões de Moraes: a criação de colegiados para o julgamento de casos graves, como os vinculados ao crime organizado.

No embalo Integrantes da Confederação Nacional dos Municípios sugeriram ao ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) que a reforma da Previdência seja votada durante a Marcha dos Prefeitos, em abril.

Meu tempo Mais de 4 mil governantes estarão em Brasília na ocasião, o que poderia ampliar a pressão sobre o Congresso para a aprovação das mudanças. Pela projeção de Onyx, a CCJ deve levar cerca de 30 dias analisando a reforma.

Meio termo Personagens importantes do mercado financeiro receberam o recado de que a equipe econômica vê viabilidade para o cenário da reforma da Previdência que daria ao presidente um caminho confortável para o discurso político e a Paulo Guedes (Economia) um resultado satisfatório nas contas públicas.

Meio termo 2 Este cenário é o que contempla um plano em duas etapas: a idade mínima seria elevada a 57 anos para mulheres e 62 anos para homens até 2022. A partir daí, haveria nova transição para chegar até 2030 a 62 anos para elas e 65 anos para eles.

Amado mestre Desta forma, a primeira fase da idade mínima contemplaria proposta defendida por Bolsonaro em entrevista ao SBT.

Remediar Na tentativa de organizar a base antes de votação da Previdência, o ministro da Casa Civil disse a deputados que foram ao Planalto que estava esperando “o capitão voltar” para rediscutir com Bolsonaro a articulação política do Planalto.

Mato no peito De acordo com os relatos, Onyx disse que apresentará ao presidente um plano de ação sobre a relação com o Congresso. Ele vai pedir que as tratativas com os deputados fiquem só sob sua responsabilidade.


Folha de S.Paulo