Soma referente a 2015 é de R$ 354,4 bilhões; no mesmo período, receita operacional líquida do setor também recuou

O valor das incorporações, obras e serviços realizados pelas empresas de construção somaram R$ 354,4 bilhões em 2015, segundo o IBGE

                        

O segmento de construção de edifícios se manteve como o que mais contribuiu para o valor corrente das incorporações, obras e serviços realizados pelas empresas do setor, com R$ 165,7 bilhões, ou 46,7% do total em 2015. Os dados foram anunciados nesta quarta-feira, 21, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que divulgou a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic) referente a 2015. 

O valor das incorporações, obras e serviços realizados pelas empresas de construção somaram R$ 354,4 bilhões em 2015, queda de 16,5% em termos reais na comparação com o ano anterior. 

No mesmo período, a receita operacional líquida do setor recuou, também em termos reais, 18,7%, para R$ 323,9 bilhões. 

A pesquisa mostra ainda que, excluindo as incorporações, o valor das obras e serviços realizados pela indústria da construção atingiu R$ 337,9 bilhões. Deste montante, R$ 103,5 bilhões vieram das obras contratadas por entidades públicas, que representaram 30,6% do total da construção - patamar superior ao verificado em 2014, quando ficou em 33,9%. 

Em seguida, vêm obras de infraestrutura, com fatia de 33,9% em 2015, equivalente a R$ 119,9 bilhões. A fatia é inferior ao padrão de 2013 (40,2%) e 2014 (38,3%), quando os efeitos da Operação Lava Jato e da recessão ainda não tinham atingido em cheio o setor da construção. 

Já o setor de serviços especializados para construção ganhou participação. Com R$ 68,7 bilhões, ficou com uma fatia de 19,4% do total em 2015, acima dos 17,9% de 2014. 

                    

Vagas de emprego 

Apesar do crescimento do número de empresas ativas na indústria da construção entre 2014 e 2015, 500 mil vagas de trabalho foram cortadas, ainda no primeiro ano de recessão na economia, segundo o IBGE. 

O número de empresas ativas encerrou 2015 em 131.487, contra 128 012 em 2014. Em 2014, o total de empresas empregava 2,9 milhões. Em 2015, empregou 2,4 milhões de trabalhadores. 

O gasto com pessoal ocupado correspondeu a 33,3% do total dos custos e despesas dessas empresas, resultado superior à participação em 2014 (32,8%). Com a crise, o salário médio mensal encolheu 1,4% em termos reais, de R$ 1.970,05 em 2014 para R$ 1.943,43 em 2015. 

                      

Paraná 

Para o setor e o próprio Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR), os números apresentados pelo IBGE por meio da PAIC 2015 confirmaram o que se vivenciou na prática e no acompanhamento que a própria entidade realiza. Na análise do vice-presidente de Banco de Dados do Sinduscom-PR, Marcos Kahtalian, as atividades ligadas à construção civil como um todo "afundaram" sobremaneira tanto em 2015 quanto em 2016, refletindo diretamente a queda trimestral da economia brasileira após a Copa do Mundo, ou seja, a partir do segundo semestre de 2014. 

Kahtalian acredita que o período pós mundial foi combalido pela "conjunção de fatores nefastos (escândalos, baixa atividade econômica, etc)", que afugentaram os investimentos e destruíram 500 mil postos de trabalho da construção civil em todo om país. "O investimento no Brasil despencou e construção civil espelha isso, sobretudo em projetos estruturados. Além disso, quem investe em obras de infraestrutura em um cenário político como o nosso?", questiona. Ele pondera que no Paraná, os desdobramentos disso foram amenizados em partes pelo desempenho do agronegócio. "De qualquer forma, o mercado estadual foi afetado gravemente e, assim como no restante do país, interrompeu a sequência de incorporações e investimentos e passou a trabalhar o com estoque, daí a queda no valor adicionado da construção civil apontada pelo IBGE (recuo 17,8%)", esclarece. 

Só na capital paranaense, de 2015 para 2017 o Sinduscom-PR registrou que o estoque de imóveis novos baixou aproximadamente de 12 mil (em 2015) para um patamar atual de 7 mil (em 2017). "Isso também aconteceu porque apesar do desemprego também afetar a economia paranaense, a redução dos postos de trabalho no Paraná foi atenuada pelo dinheiro do agronegócio. Com emprego, as pessoas têm renda e conseguem seguir com planos de aquisição de imóvel". 

                             

Sinduscon-PR projeta 2017 e 2108 promissores 

O vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR), Marcos Kahtalian, classifica como promissora a projeção para o setor neste ano e em 2018. "Temos uma crise política que ainda trava o investimento, tanto que o mercado imobiliário saiu na frente na reação, até por conta dos estoques. Mas a inflação nos patamares que está e a queda de juros, mesmo que não se dê na velocidade almejada pelo mercado, criam condições favoráveis", afirma. "Prossigo com a seguinte expectativa: 2017 vai ser melhor que 2016 e pior que 2018", projeta. 

Quanto à redução de 1,4% no salário médio pago na Construção Civil, Kathtalian chama atenção para o fato de que os gastos de pessoal seguem tendo a mesma participação no custo (pelo PAIC foi de 32, 8% do total, em 2014, para 33,3%, em 2015). "O salário caiu de maneira generalizada, não foi só no nosso setor, o que é uma resposta direta frente ao desemprego", aponta. (M.M.)

                   

Fonte: Folha de Londrina, 22 de junho de 2017