O candidato à presidência da República Jair Bolsonaro ameaçou neste domingo (21) de enquadrar como terroristas o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST). Dirigentes das entidades ouvidos pelo Portal Vermelho repudiaram a declaração e se mostraram confiantes de que a chapa Fernando Haddad e Manuela d’Ávila vai derrotar o ódio no próximo domingo, dia 28.

Por Railídia Carvalho

MTST
Bolsonaro quer enquadrar MTST e MST como terroristasBolsonaro quer enquadrar MTST e MST como terroristas
“Estamos confiantes na vitória do Haddad. A sociedade brasileira não é fascista e reacionária a esse ponto”, afirmou Alexandre Conceição, da Coordenação Nacional do MST. De acordo com Natalia Szermeta, do MTST, “as ruas estão quentes” contra Bolsonaro. “Temos conversado bastante e as pessoas começam a entender que o que está em jogo não é o partido x ou y mas é o futuro de gerações. Sabem que a desigualdade não se enfrenta com ódio”, avaliou Natália.

O final de semana foi marcado por manifestações pacíficas da campanha pró-Haddad e outros atos em favor de Jair Bolsonaro, como na avenida Paulista, em São Paulo. Por telefone, Bolsonaro entrou ao vivo no ato da paulista em um telão: "Bandido do MST e bandido do MTST, suas ações serão tipificadas como terrorismo!". 

Para Alexandre, a candidatura de Bolsonaro se sustenta em mentiras e iludiu uma parcela da população. Na opinião dele, esse caminho pode levar o Brasil a uma guerra civil. 

“Não temos medo de enfrentar esse tipo de ameaça, enfrentamos governo golpista, enfrentamos a ditadura, enfrentamos o latifúndio há 500 ano. Os governos passam e a luta pela terra continua. Vamos agindo com inteligência para derrotar essa ameaça nas urnas”.

De acordo com Natália, o recado de Bolsonaro em vez de amedrontar os movimentos vai fortalecer. “Vai fazer com que a resistência e a luta sejam ainda maiores. Não vão nos intimidar e muito menos fazer calar a voz daqueles que sempre estiveram na luta pela democratização do país”.

A dirigente do MTST avaliou que o Brasil vive um processo de descrédito das instituições desde o impeachment. “Bolsonaro é fruto disso. O filho dele afrontou a Suprema Corte (STF) que é quem garante os direitos constitucionais". 

Em vídeo publicado nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro afirmou que bastaria “um soldado e um cabo para fechar o STF”. Reeleito para a Câmara Federal, o filho de Bolsonaro faz a ameaça considerando a hipótese de o Supremo impugnar a candidatura do pai.

"Sujeitos boçais como Bolsonaro ganham força no Brasil também porque as nossas instituições estão falidas. O nosso sistema jurídico deu provas nos últimos tempos que tomou o lado oposto ao da garantia dos direitos iguais. Tomou partido e politizou o debate. Deu mais força para que pessoas como Bolsonaro afrontassem as instituições sem se preocupar com as consequências”, completou Natália (na foto ao microfone).






Do Portal Vermelho, 24 de outubro de 2018.