Os jovens foram presas muito tempo dos comunistas, a mídia social os libertou, disse ele à NPR

A entrevista de Jair Bolsonaro ao Roda Viva ecoou por agências de notícias, com Bloomberg e France Presse destacando que ele disse não existir dívida com negros pela escravidão. Via Twitter, correspondentes e analistas se alarmaram com a repetição do que aconteceu nos EUA.

“Os jornalistas não têm estratégica eficaz” para questioná-lo, escreveu Glenn Greenwald, do Intercept. “Assim como com Trump, riem de sua estupidez, sem perceber que a estigmatização é o que ele deseja”, acrescentou o especialista de política internacional Oliver Stuenkel. Reagindo aos que o tratavam por “burro” na internet, Brian Winter, da Americas Quarterly, avisou que “isso não funciona”.

Antes mesmo do desempenho na televisão, Bolsonaro surgiu em enunciados alarmados de jornais como o conservador francês LeFigaro, “Brasil nas garras da tentação autoritária”. A rede pública de rádio dos EUA, NPR, foi além e também ouviu Bolsonaro, destacando que ele falou que a ditadura militar foi período “muito bom”.

Mas na entrevista ele se concentrou mais em ataques à mídia brasileira, que não o trata como deveria —“embora estejamos, sem Lula, liderando as pesquisas”. Afirmou que “muita gente já sabe” que a cobertura distorce o que ele fala: “Os jovens no Brasil foram presas por muito tempo dos comunistas. A mídia social os libertou disso”.

Fonte: Folha de S.Paulo, 2 de agosto de 2018.