O advogado Helton Yomura pediu demissão do comando do Ministério do Trabalho nesta quinta-feira (5). O governo confirmou a demissão no início da noite de hoje por meio de nota. Yomura estava à frente do ministério desde novembro do ano passado.

Segundo a GloboNews, o ministro da Casa Civil Eliseu Padilha assumirá interinamente o Trabalho. Ele acumulará as duas pastas. A nomeação de Padilha deve ser publicada em edição extra do Diário Oficial.

O gabinete do agora ex-ministro foi alvo de mandado de busca e apreensão na manhã de hoje. Suspeito de envolvimento em um esquema criminoso que cobrava para emitir registros sindicais, ele também compareceu à sede da Polícia Federal (PF) em Brasília para prestar depoimento. Ficou calado durante o interrogatório.Após denúncias, PTB devolve comando do Ministério do Trabalho ao governo

Os advogados do ministro demissionário afirmaram, em nota, que ele não cometeu nenhum ato ilícito e que "nega veementemente qualquer imputação de crime ou irregularidade".

Yomura foi afastado do cargo por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) na manhã de hoje na terceira fase da Operação Registro Espúrio, que investiga um esquema de fraude em registros sindicais. O afastamento e as buscas foram autorizados pelo ministro Edson Fachin. Ele também foi proibido de frequentar o ministério, de manter contato com outros investigados na Registro Espúrio e com funcionários da pasta.

Ex-secretário do ministério, Yomura foi efetivado como ministro no início de 2018 após o governo desistir da nomeação de Cristiane Brasil (PTB-RJ). Indicada ao cargo pelo pai, o ex-deputado cassado Roberto Jefferson, ela foi barrada na Justiça por ter condenação trabalhista.

Segundo a PF, as investigações e o material coletado nas primeiras fases da operação Registro Espúrio indicam a participação de “novos atores” e que cargos da estrutura do ministério foram preenchidos por pessoas comprometidas com os interesses do grupo criminoso.

Entre outras irregularidades apontadas pela Registro Espúrio estão a concessão de registros de entidades sindicais pelo ministério mediante o pagamento de propina e a prioridade dada a pedidos feitos por políticos.

 Após a operação, Roberto Jefferson, que preside a sigla, divulgou nota afirmando que colocava o ministério do Trabalho à disposição do governo.

Marun

O ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer (MDB), Carlos Marun, afirmou em entrevista coletiva, no início da noite, que Temer deve mesmo escolher um nome fora do PTB.

Marun também reclamou do envolvimento de seu nome na operação. A PF havia pedido para fazer buscas nos endereços do ministro. Contudo, Fachin e a Procuradoria-Geral da República (PGR) negaram a inclusão por entenderem que não havia provas contra o articulador político do governo.

Marun afirmou que vai à corregedoria da PF pelo que chamou de “vazamento canalha” que tinha por objetivo constrangê-lo. “Tenho família, tenho vergonha na cara e não aceito que isso se dê dessa forma”, afirmou.

Segundo o ministro, ele recebeu um grupo de sindicalistas há aproximadamente três meses, vindos do Mato Grosso do Sul para tratar de assuntos relacionados à “atividade sindical”. Em nota, afirmou que não colocou “os pés no ministério do Trabalho” depois que assumiu a articulação política.

Ele afirma que encaminhou o grupo para o ministério e designou uma assessora para acompanhá-los, algo que não foge às suas atividades rotineiras.

Ministro do Trabalho era “testa de ferro” de caciques do PTB, diz PF

Fonte: Congresso em Foco, 6 de julho de 2018.