Polícia fecha pontas sobre reforma na casa de filha de Temer e deve concluir inquérito

A Polícia Federal avança na investigação que envolve o presidente mais impopular da história e uma reforma da casa de sua filha.

A expectativa é que a PF conclua nas próximas semanas o inquérito apontando que propina bancou a obra feita no imóvel de Maristela, filha de Michel Temer.

O dinheiro teria saído dos cofres da JBS e da Engevix para o coronel João Baptista Lima Filho, suspeito de intermediar recursos escusos para o emedebista. Três fornecedores da reforma relataram que receberam os pagamentos em espécie da empresa do coronel, a Argeplan, e de sua mulher, a arquiteta Maria Rita Fratezi.

Os valores em dinheiro vivo somam R$ 1,1 milhão. Mais R$ 100 mil, de acordo com depoimentos, foram repassados por vias bancárias.

Maristela disse à PF que gastou em torno de R$ 700 mil. Afirmou que não guardou comprovantes e contratos. Segundo ela, o coronel e sua mulher deram uma ajuda por causa da relação de amizade com Temer.

Maristela pode não ter contratos, mas um deles apareceu. E foi assinado por ela, conforme mostrou a Folha no sábado (9). Dos R$ 120 mil para comprar portas e janelas, R$ 56.500,00 foram depositados em dinheiro vivo na conta da empresa que vendeu o material. Maristela chancelou por escrito o modo de quitação. Um extrato confirma que esse valor caiu no dia combinado.

Segundo o dono da empresa, Antonio Carlos Pinto Júnior, foi a mulher do coronel quem pediu para que essa parcela fosse paga em espécie.

O empresário afirmou que não é normal essa prática no mercado. Não é normal em nenhum lugar. Em um país tão inseguro como o Brasil, quem carrega R$ 56.500,00 na carteira para comprar portas e janelas?

O xadrez da obra está cada vez mais perto do xeque-mate da PF. Caberá a Raquel Dodge (PGR) decidir por uma terceira denúncia contra Temer. O Datafolha mostrou que 82% dos brasileiros desaprovam seu governo. O povo já o abandonou e o Congresso não dá nenhum sinal de fidelidade para salvar sua pele.

Leandro Colon

É diretor da Sucursal de Brasília. Foi correspondente em Londres. Venceu dois Prêmios Esso e um Prêmio Folha.

Fonte: Folha de S.Paulo, 11 de junho de 2018.