CUT, Força Sindical e outros sindicatos do país se unem contra pontos da reforma trabalhista e marcam mobilização nacional para agosto

Documento elaborado por sete centrais sindicais exige ações imediatas de combate ao desemprego e a revogação de reformas feitas pelo governo do presidente Michel Temer, incluindo alguns itens da reforma trabalhista e da emenda que estabelece o teto de gastos públicos. As entidades agendaram para o dia 10 de agosto uma mobilização nacional – o “Dia Nacional de Luta” –, com possibilidade de greves pelo país.

O manifesto “Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora” foi apresentado nesta quarta-feira (6) em reunião com as entidades, em São Paulo. CUT, Força Sindical, Intersindical, UGT, CTB, CSB e NCST assinam o material, que conta com 22 propostas e deve ser entregue no próximo dia 13 ao Congresso Nacional. O material será encaminhado também aos candidatos à Presidência da República.

As centrais sindicais pedem ainda a inclusão da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde o dia 7 de abril, na corrida pelo Palácio do Planalto.

Sinal de alerta

“O dia 10 é um dia de mobilização, de protesto, por tudo o que tem acontecido no país, com foco principal na questão do desemprego, flagelo maior para a classe trabalhadora”, explica Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT, para quem a data servirá de alerta para o país. “Estamos chamando do dia do basta. Quem puder fazer greve, tem que fazer greve; quem puder fazer manifestação, ocupar praças, ruas, que faça. Queremos paz, emprego. Do jeito que estamos, não dá”, acrescenta.

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A ideia é que o dia seja marcado por manifestações pelo país, que podem incluir a paralisação de empresas e de categorias, ainda não definidas. “É pelo país. Queremos a retomada das medidas sociais que foram benéficas para o povo”.

“A pauta da manifestação está vinculada ao documento”, complementa Adilson Araújo, presidente da CTB. “O destaque é a questão da revogação da legislação trabalhista porque ela é prejudicial para a classe trabalhadora, e também para a emenda do teto de gastos”, informa.

Além dos pedidos de revogação das reformas e de adoção de medidas emergenciais pela recuperação do emprego, o documento retoma a briga dos sindicatos por jornada de trabalho de 40 horas semanais, mais a possibilidade de fixação de contribuição sindical voluntária definida em assembleia, a regulação do direito de negociação coletiva para os servidores públicos em todas as esferas do governo, reforma tributária progressiva, com revisão dos impostos de consumo e aumento sobre os tributos relativos ao patrimônio, herança, lucros e dividendos, e a retomada de obras de infraestrutura.

Eleições com Lula

O encontro do dia 10 também terá como destaque a luta pelo que os sindicatos chamam de eleições limpas, com a inclusão da candidatura de Lula, preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba para cumprimento da pena recebida no processo do tríplex. “Isso é pré-condição [para eleições legítimas]”, diz Nobre. “Não podemos ter um processo eleitoral que deixe dúvidas, não podemos ter um presidente sem legitimidade”.

“Do ponto de vista do sindicalista, não é novidade, mas é um documento unitário, pegando todas as centrais sindicais, unidas dentro desses propósitos apresentados na plataforma”, conta Araújo.

Segundo Nobre, o dia 10 de agosto foi escolhido por dar às centrais sindicais tempo suficiente para mobilizar as lideranças locais espalhadas pelo país. A CUT deve promover plenárias interestaduais para apresentar o documento e debater as 22 propostas com entidades filiadas.

Fonte: Gazeta do Povo, 7 de junho de 2018.