Analise da sucessão de CEOs nas 2,5 mil maiores empresas indica um crescimento de demissões desses profissionais por má conduta em todo o mundo



O número de CEOs que foram afastados de seus cargos por desvios éticos nas empresas de todo o mundo teve um aumento de 36% nos últimos cinco anos, de acordo com a pesquisa CEO Success Study, elaborada pela Strategy&, consultoria estratégica da PwC.


A consultoria analisou as trocas de comando das 2,5 mil maiores empresas de capital aberto do mundo nos últimos dez anos, e identificou que a troca de CEO por conta de questões éticas aumentou de 3,9% entre 2007 e 2011 para 5,3% entre 2012 e 2016.


O Brasil ocupa uma posição bastante incômoda no levantamento, junto com a Índia, Rússia e China, quatro dos cinco países do BRICs. O grupo registrou um crescimento de 141% no número de CEOS afastados do comando das empresas por má conduta, o aumento mais expressivo constatado pela pesquisa. Embora faça parte do BRICs, a África do Sul aparece na pesquisa. Nos Estados Unidos e Canadá, por exemplo, o afastamento desses profissionais cresceu 102% nos últimos cinco anos contra 41% na Europa Ocidental.


No Brasil, sobram exemplos de CEOs envolvidos em escândalos de corrupção. Os empresários Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro comandavam duas das maiores empreiteiras do país, a Odebrecht e a OAS, respectivamente, ambas envolvidas no esquema bilionário de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.


O lado positivo, contudo, é que a maior parte dessas trocas é planejada pelas empresas, e não feita de forma emergencial. O índice chega a 80% no BRIC e nos Estados Unidos.


Segundo Ivan de Souza, sócio da Strategy&, o aumento no número de CEOs afastados por questões éticas mostra uma tendência crescente entre as empresas de combater práticas que causem danos à sociedade e aos negócios. Souza acrescenta:


Sem tolerância para desvios éticos

De acordo com a pesquisa, a falta de tolerância com a má conduta empresarial é uma tendência, sobretudo após a crise financeira de 2007, nos Estados Unidos, que foi causada pelo abuso na concessão de créditos imobiliários. Outros fatores estão ligados ao uso massivo de e-mails e das redes sociais, que fazem com que as empresas fiquem ainda mais atentas à conduta dos seus CEOs, facilitando a identificação de possíveis desvios éticos.


Além disso, segundo a pesquisa, conselhos de administração, investidores institucionais, governos e meios de comunicação estão atribuindo aos CEOs um nível muito mais alto de responsabilidade por fraudes corporativas e falhas éticas do que no passado, o que também justifica o número maior de afastamentos desses profissionais.


Na prática, isso não significa que há mais irregularidades nas grandes companhias, ressalta a pesquisa, mas que há maior facilidade em identificar esses desvios e também menos tolerância com condutas danosas para os negócios e para a imagem das corporações.




Fonte: Gazeta do Povo / Infomoney, 31 de maio de 2017.